sexta-feira, 29 de março de 2013

Mirínimo

Anjos de clarineta, molhados,
sobre tetos Verdes: Sabiás cumprimentam o dia,
embora o céu
dum cinza que dá na gente
gosto de mármore. Noite choveu miúdo
pelas gavetas dos olhos.
Por isso um cheiro de terra
na casa Toda.

Um...  sopro de voz, agouro
tez-candonguice Malunga, à mão
todos os Eus
concordam:

Faz  falta, um braço de sol.
Nem tanto.

terça-feira, 19 de março de 2013

Estudo, à mó de Cabum

Eu existo pra ver o Fim
dessa baiúca que chamam de mundo,
quando as leis da física e a Virgem Branca
vomitarem os homens 
de seus altares de Barro, e as três marias no céu
fugirem com as outras estrelas pra bem  Depois
das botas do Iscariotes.

Preciso muito essa queima de Fogos
piramidal, multivérsica____
preciso ver Madalena
recuperar seu Nome
jogado em fosso niceno, as obras do Aleijadinho
julgarem vivos e mortos 
com Geraldão Viramundo
e outros doidos ilustres, o canto de corais Imensos
regido por Jaime Ovalle

E todos  grandes pequenos
julgados pelos seus atos
depois então Divididos____

De um lado as Bodas do Hóspede,
do outro o beleléu dos Quintos,
só tendo visto de Ida.



Estudo à mó de Improviso(Ao meu irmão André Ben Noah)

Sobre a cabeça uns aurões
de violeta  Assassina.
Sob os sopés  caveirões,
presuntos negros(no Mais...)
que dão nas latas da gente
os pasquinins de amanhã,
junto do pão, do café: Mortalha
 em roupa-Rotina.

Gardel manduca de Cima
uns cordelões a capricho,
o tango no Vaticano
foi samba de nêgo doido____

os futuramas  jacintos
dirão saber patavina
dos cabrobós que as nuvens gordas
Trombonam:

Trali-la-lá da menina -
magriça, Graça -
ladeira acima andarando____

lembrura em cáqui, Losango.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Auto, de um pássaro Curto

Manhã. Cedo. Acordo dum quase
sono de Poço, choveu miúdo
 madrugada inteira, posso
mais algum tempo, ficarei
deitado. 

Na rede social me espera
o fora de mais uma moça, 
não será o último.

Talvez me levantando inda estarei 
de-Noite, isso não sei. Sei
que  esse  cheirume de terra aguada
comigo o resto do dia, bandó-Consolo
inda bem.

Meu quarto, todo mais Só
mas tem janela pra serra, a grajaú
com seus cavalos de ferro, uns três de carne
comendo o morro mais rente.

Guaçú de Só, eu disse
cada verão que passa
meus lábios murchos de Ontem,
pareço do Mário
o rapaz morto na sala, agora
que eu também
me bulo mais Não.







domingo, 17 de março de 2013

Imagem

A casa velha. Porta
 de dar em doido.
Zoio que pede 'cença , 
 'rastança  após:
Os braços cara  bigode
pra trás cem anos.

Um quadro que tuge muge
da parede em frente: Vambora  de corpo Todo
jangada no mar Adentro....

O resto, empós.
E acabou-se.


quarta-feira, 13 de março de 2013

De-Noite(Pros amigos Fabiano e Manoela Kieling)

A mó que  faca mais cega
o descatembre das carnes
quando  é de-Noite  na gente:
Então não mais giramundos
sonhando igrejas Imensas
nos sotéus de Minas, os  zóio gasto
de timbós-Chorare
e nunca mais catavento
que lembre flor no jardim____

Quando é de-Noite na gente
num tem  mandinga nem Reza
que chegue prum cafezim, noitêra
 Crassa, crakuda
de maus sacis e caaporas
mangando à perna onde antanho
era   xodó curimã
e borandás de quizomba....

Fui ver Rosália morena
na feira de  Itaperá
gastei xeréns e quebrantos
pra ela me namorá

mas cheguei tarde pra Muito___
banzava cravo canela
 roupa lavada e Quentuço
pra seu dotô delegado....

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Um descatembre nas carnes
roncó de faca mais Cega,
ai que é de-Noite na gente....










sábado, 9 de março de 2013

Acontecência

Serão seis horas da tarde,
eu vim pro mundo no Méier: Girão mais léu
quixadá, tanta perna de bonde
adormecida sob a vinte e quatro de maio.

Ficaram rastros de Minas
nos olhos do avô tropeiro, há muito um quadro
na parede humilde. 

Os abricós baticuns
chegaram junto das brejas
e o butiquim foi no quintal de casa
maracangalha, Portela, ninguém não vendo suas vidas
um dia mais Curtas  e os aguaçais militares
ainda com dedo Torto
pintando ebós e o diabo____

que, então seis horas da tarde
eu vim pro mundo no Méier, a  mãe mais Linda sorrindo,
 todo mundo sabendo: Ainda sóis nasceriam
com flores  azuis no céu.



Elegíada(Pro amigo Daniel Ribas)

Porque me vi  Labirinto
findaram cores, Infâncias.
Entre dois goles de asfalto marulham
Nãos, as mãos adultas da grande insônia -
ela a Morte -
a desenhar catimbreus dos corvos-anjos
do abismo, e como a tantos
me chamaram Homem, quando o horizonte a galope
correu com meus cererês
e me vi nu vestindo ternos de bronze____

Tentei trombones e sóis
num grito:

Mas só me ouviram as palavras.





               


sexta-feira, 8 de março de 2013

Chile, Setembro, 73.

As sombras  da cordilheira
escondem do mundo
aquela terra em setembro. E o tempo
não mais andou, despido de pernas.
Foi lá: Calaram as mãos e a voz

de Victor Jara, de muitos outros,
 pais avós mães irmãs

São mortos que morrem Nunca____
igual os negros do Capão do Bispo
no Cachambi, no Inhaúma
no jongo-Ilê da Serrinha....

em toda a terra Brasília.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Resumo em flor: Marmarina

Violas nos bolsos: Muito, e o mundo
janela Aberta dormindo
à  pedra,
fechado a bem sete chaves
no mais fundó 
Coração____

Amigo/Amiga  amarância
furdunço em flor:  Marmarina
girandolando 
 vida sempre de Sêmpreres.

Soneto Inglês, n.º 41

A noite: Parangolés catimbreus
nos zabelês da cidade adormecida
faz Pouco. Vão casebrins e palácios
com gente morrendo a prazo.

Céu por cima: De chumbo mesmo
nos solarões. As nuvens  -  pandas enormes,
escondem tubas, trombones,
cabos machado atravessando

o maxixe, enquanto mais multidões
tropeçam dos edifícios em bicicletas
atômicas, espelhos  pãs  catedrais
no sono-Errante  do poeta mágico.

Parangolés natingudos pela cidade
dormindo a vida morrente.