domingo, 24 de abril de 2016

Desacalantício(Cangarelha Tristenha, para soprano e orquestra. Para Danielle Ronald de Carvalho, e pra amiga Gabriela Saraiva)

"Drume drume m'a fiinha..."(Francisco Mignone, "Canção da Mãe Paupérrima", para canto e fagote)

Drume drume, meu minino -
que nas cantinflas e mais linhas mestras do entorno
por Tudo é golpe,
e o que sobrançara de lirações paulistanas
também já se drume no fundarão ver Merdoso
dele Cansado e velho Tietê,
sem mais direito a meditação.

Drume que mesmo a voz dele Mário de Andrade
planando numa blacha de alumínio
te fala que tudo o mais é Naufrágio -
miséria-Rúim pare crime pare ogum pare xerém -

e tudos issos são cochambrões de titânio
com têmeres subindo armados do Tártaro.

Drume que já passou nosso carnaval
as praças cabaram-se
pandeiros trimergulharam-se no fundo merdoso
do tietê carioca também chamado Lagoa,
a mesma
pra adonde seu jão gostoso se amanducou-se
dispois de beber cantar gargalhar
no bar vinte de novembro.

Drume filhím tresamado
de muitos ombros Nenhuns,
na areia não tem mais Oscár
riscando lesto o projeto - mas teve Naya
e morterências Guaçús banzando à toda
que nem a pista das bicicletas no dia del'ontem,
velha má fábula dos zés-dinheiros
que em mesmo não sendo "deles"
eles enfiam nos cus, junto dos dólares
lá nas cuecas do apóstolo  -  aliás

história vééééia do matrimônio Asantigo
entre as explorações conscientes
e o medo inconsciente da morte,
e nisso a prafernália dela nave va
pros quintos e pra dona reputa que Triparíu,
exatamente junto dos cabras de ontem
na ciclovia que leva o nome do Síndico.

Drume drume filhinho
de torvos ombros Nenhuns - que nessa vula de Anfília
eu nem sei mais se te Vejo
em carne sangue e Mecônio - os homens andam

prefeitos demais,
governadores demais,
dereputados e senadércios demais
e zeca-erecaurubus pra demais
delas contas que a gente Gasta
tem engolido pelos esfíncteres
e pelas bocas onde eles dentes Rarejam
virando efós sem mungunzança nem Graça  -

pruquê dispois da câmara virando circo
de palhacêras com puxavantes de sanguinolência
ver os palhaços de filme trash
do canal do silvioooo  -

eu Desentendo haver oxóssis
a nos valerem de Taperossanhas
brandidas com desfaçário de Acintes
à mais truvenga e primaríssima montra
de inteligência, coisa de fazer rir_______

não fossem nossos os xibíus e ossários
que os donos da tal da pátria
andam mandando pros Quintos -

(e por falar, o zé-Canhoto anda pensativo
com essa gente gritando "inferno!"
sem nunca ter ido lá) -

Arrepitindo, meu fío, miséria aqui
pare crime pare vassalo e xerém,
o galo canta e desanda em Nó
mais um dia, mais dias-Chão
de munguzêras Jacintas______

por isso meu fío, drume -
drume que a marovácia anda sentando carôço
pra toda a riba dos lados que você Pense,

drume nas suas nuvens desse não-país
que nunca não teve ensanchas
pra mode Fardo e Ronquêra.

Eu bendigo os seus ombrinhos Nenhuns,
e bem queria, queria Muito dizer-Te
que aqui na Terra os hômi apenas
tão jogando futebol.

______Drume meu fío.