quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 29

O reino das Não-pessoas anda espreitando
em cada vez mais  Estância
nos corações outrora amantes do sol,
do sal do mar de Ipanema:

São anjos que perderam as  Asas
erguendo altares ao dólar
e dizimando as florestas com mão
de ferro, os olhos cheios de petróleo

onde eram lágrimas Antes, 
turumbamba armado em Bode e Cachaça
no ventre das Cinco Salas,
treva mais e mais  Rente_____

O ranço das Não-pessoas
é cada vez mais  Estância.

Soneto Inglês, n.º 28

Os gritos da ordem e da desordem
existem juntos como duas sementes
plantadas desde o Princípio
até que o mundo Termine

pela mão dos homens, num Descalabro
regido pela mão do Demônio
e seu coral de trombones
tocando a marcha n.666

num salambô que despedaça os Espaços,
onde outro dia mesmo
era o estandarte da Infância
a sacudir os sentidos______

?Mundo candongo absurdo
até quando  te sofrerei  Eu.

sábado, 24 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 27(Bonsucesso - RJ)

Na praça de Bonsucesso
todas as línguas do Mundo:
lembrando os homens-Pracinhas
que ainda Morrem na Itália:

A estátua de bronze lembra o sol-Cubo
tingido em tons rubro-Sangue,
quando os relógios do mundo
desembestaram seis anos

marcando o número cinco
nas Horas de toda  Carne, 
a toca do coelho branco indo parar
na boca enorme do Inferno_____

que aliás anda espreitando nas sombras
novo ingranzéu caba-Mundo.







sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 26

Mundo agonizante, teus anfiteatros do Abismo
são peso extremo nestes ombros Parcos.
Teus seios pernas  bandeiras: Girança de tubarão
num mar cheirando a Sargaços....

Manhãs guaçús solitárias vigem Cinzânamos
dos aguaçais os mais Ácidos, depois da última ceia -
quando o domínio das Não-pessoas
terá  portões  Destrancados

num permitido e Táurico dilúvio,
onde saraiva e Fogo trompetearão descarnanças
e a terça parte das árvores cairá gritando,
junto das últimas estrelas_____

Sobram no céu  três Águias,
desligam o botão da História.












Visões de São Mármaro, nº 6

O sexto anjo joga sua taça ao ar:
Num resta
nem de sobra prum doce
a Vida, enferrujada na Leopoldina,
onde esperança 
é longe como o diabo.

a deusa terra anda Curta
com tanto gás e petróleo,
a Noite, inda que imposta à Bangu
fugiu com os braços do sol
batendo a porta dos fundos

Ao longe  na treva um raio,
fósforo elétrico. Em Inhaúma o pessoal enterrado
no cemitério cava mais Fundo, aterrados que estão: Paúra
da segunda Morte.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Estruturança

Chuvada `a balde
que a tarde
amanha 
um fio
de cheiro
do mato  da Grajaú
embaixo na
Dias da Cruz, retrós
de antiga mata
nativa  um
dia....

Pensando 
à beça
que
chovo
um
tanto tam 
tantim tam
tim
tam
tim
bém____

ÁGUA     ÁGUA

                          AGUANÇ
                                 Á
                                   L
                                     I
                                      A
                                  U
                             H     V
                         C             A

                                                                N
  
                                             D
                                               
                                                                       O


Eu molho o chão das palavras
pensando  andor
do que Voe....

Malunguês(Soneto Inglês, n.º 25 - Para o amigo Paulo Maciel)

Eu bem queria, amigo, um céu de azuis Imensidades
que sorrise Sempre, e fosse paz Alcântara
aos teus olhos(como os meus, Tricoloríssimos
e Campeões pra sempre neste ano),

eu bem queria pra você meu chapa
a retidão mais reta em cada estrada torta
nas quais sei, desbundas-te em procelidões
as mais Terríveis, conforme a glosa antiga -

Mais se reza mais Entupimentos do outro mundo -
mas  neste hospício de soneto eu te arremesso
uns bons fuzarcos de entroncadas Forças, como aliás
assim devem fazer os que se querem Amigos_____

Em claro e bom dialeto Malunguês, pessoas-Aves
garimpam Água de beber nos corações Irmãos.






terça-feira, 20 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 24

Axé de empós  Zebedeu,
céuzão  grolô-Calcutá_____
Quizomba  aberta na mata
mais correnteza de Rio:

Teu corpo, nu-Marabá
depois do amor que foi Tudo,
tão de  melhor: Parênese
de encantação  Maçonária

Então  cabrungos oxóssis
fizeram cama em nossas várzeas
compridas, xerém de terras
sem-Fim, nunca mais sós, Iguaçús____

Céuzão sem fim que adormece
como se houvesse Amanhã.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mazelefrência(Soneto Inglês, n.º 23)

Eu vejo um mundo Caduco,
onde hominídeos estranhos
banzura de Esquisitância
e festa Bêsta de ossanha____

Vaiaram no Circo Voador
o Prometeu que lhes tocara  Fogo,
desnecessária a  lembrança:
Lá dentro  andam  faltando as Asas...

Jumência  que vai mais Longe:
A rosa que deu no asfalto
morreu nos anos faz - Muito,
gastura de nunca Mais_____

é Torta a reta de agora,
socorro meus Zabelês.







Soneto Inglês, n.º 22

Luz que no terraço do mundo
muda de Cor: Naquela cruz
um Deus troca de Essência,
saindo livre a ala das baianas

e demais caveiras: Latinas gregas
hebraicas. A bateria da Portela
navega o espaço do céu
junto do filho pródigo,

cantando novas Sementes:
 Formas que vão nascer
no ventre de moças-Aves,
grande aparato do Encanto_____

Tempo enfim  se Aposenta
das  lamparinas do  mundo.




domingo, 18 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 21

Kambonos-anjos nos atabaques,
desligaram o dia. Noite agora
por  Tudo. Dez tantos do melhor trigo
adormecendo  no campo,

esbórnia santa do Hóspede.
Mais tarde, treva Taluda,
mequetrefes mexem na terra
com dedo  torto: Bode que deu

foi Coisa: plantaram junto do trigo
uns jererês do Demônio,
história que deu na Porta
do ouvido de todo o mundo_____

Quando  acabália  for Tudo
quem foi "qual", se Verá.

sábado, 17 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 20

Faz frio faz chuva. Manhã
de facas flores  Celenças
e mais saltérios e estradas,
onde irecês Curimãs 

Meu passo à pé  jacarengo
nas ruas todas  paguás
dos  aguapés se agarrando
que nem preguiça nas árvores,

cinzária a cara do céu,
onde trovejam dez surdos
da bateria da Portela,
sentando o lenho aguaçalho_____

Marracachorra de chuva
nas cinco Salas da gente!

Morticinália(Para a amiga Lucinha)

Num circunlóquio ajuntúrico
onde mandar Manhattan pros Beleléus
é mais o mesmo que  Nada______
a gente  anda esfolando  os gadanhos
na  brita do não-se-Ver,
que  as almas,  todas Nenhumas,
se entendem  
de um jeito Não:

São  multitudes  peçonhas
groló de mais  Não-pessoas
por essas praças  esquinas....

Ninguém não Vê  seus espelhos
há muito estepes  roncolhos
engolir  tantra  das bandas  largas_____
jardináceos  andam  sem flor
depois das torres de petróleo
surfarem nos oceanos
e os céus  chorarem  lágrimas  ácidas.

Crocodilências mungubam
pelos bueiros roncós, paredes fogem  gritando
num paroSSismo em que os homens
já passaréu  dos  Infernos_____

visagens  morticinálias
dum futurama  Cabinda:

Vão  multitudes-Peçonhas,
groló de mais  Não-pessoas
por essas praças esquinas....

Soneto Inglês, n.º 19

Montar os ventos  em pêlo,
beber  o orvalho dos  pianos.
Destabocar-se de olhar
o que não  vige  Alcançável_____

a Paz espera  à mesa
do Hóspede, sê-lhe  conforto,
ombro  amigo. Come do pão,
bebe o vinho. Abraça  os homens

como se  pássaros  Fossem.
Lembra: Mamaste  peitos  de pedra
na busca  submarina
onde aprendeste  teu  Nome_____

embarcadouro  Preciso
para  o ofício  da Alma.

Onze de Novembro(Soneto Inglês, n.º 18)

Num tava prevista  a Festa,
e já que veio: Hecatombe!!
De ajuêlho e rezança
deu  Tricolor nas  Cabêça,

dispois dos noves  de Fora.
No céu fuzarca, ganzás
com os muitos onzes
que já vestiram o "Sacrário"

no  rola-bola  da História:
Marcos  Romeu  zé-Preguinho
Pinheiro  Telê  e Ademir,
seu  Nelson  de  mor-Maestro_____

as Graças  do João de Deus
sorriram  pro meu  Tricolor!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 17

Cortinas descerram cântaros
pelo planeta-Navio.
Noite estende lençóis,
desliga  a máquina do braço.

Anjos cubistas dançam
pelas esquinas do quarto,
encontro olhos e ouvidos
de terras há muito  Extintas.

No  subsolo dos mares
desvendo o avesso do céu:
Meninos preparam pipas
usando a linha do horizonte_____

Sou todos  os  Eus  dançando
a  Roda  ancestral  do  sono.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 16(Fluminense F.C.)

É tempo de Sarrabulho
na cidade dos homens:
Novembro deu nos asfaltos
reizado nas Laranjeiras,

deu Fluminense, de Novo.
No botequim do parnaso
Castilho chora de alívio
junto do grande Nelson

e do super Ézio,
mais moço  dos  anjos.
Aqui na Terra tem Bola,
como lembrou seu Buarque:

O rádio o vídeo o Planeta
contaram  o Tetra direito.


sábado, 10 de novembro de 2012

Nauseaglútino

Entonces:
diante de um mundo Incomunicável
ter esperança  é Fita,
charme-açú Brocoió,
malestandarte de otário

Deitado sobre o horizonte
espero o trem que me amasse,
mingau de sangue ordinário. Não tem roseira nem vela
que me desfaça esse  Asfalto
que trago no peito feito gerúndio vomitado a Metro
pelos call-centers
da cidadela  Intragável....

Entonces, tossontes, brontes
pigarrelhanças  de intentonárias 
mais caraças de Pirro:

Furdunço do capiroto
esse mundão de Escangalho.

Soneto Inglês, n.º 15

Depois que o Verbo Divino
guardar as vestes de Hóspede_____
a sinfonia dos Tempos
chega ao final da ladeira.

Um céu de medo e de zinco
recolhe dos horizontes
tons de rubro da tarde,
pifes rugem na sombra

seus últimos assobios.
Fechada a estátua da Infância
aos olhos do público 
o descatembre  é Final_____

cabeças de Josefs K.
entopem os fossos do  Abismo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 14

Arpoador. Tarde seis horas
meus caximbís-orixás
cambindam  pernas  pra Longe,
E  a gente veste  Dezembro....

Lonjura do asfalto quente
onde grolós de pessoas:
Amarfanhando nos carros
catatau dos Infernos

A  gente veste Dezembro
e o rubro-Fogo da tarde
agradecia  se mais olhos
pousassem no chão das aves_____

Menos  ferrões-Irecês
e mais erês-Passarinhos.







quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 13

No brazundó  Destabôco
o baticum  do oceano
a receber  meu  ossário
com braço de ferro em Brasa

Pássaros  caíram  do último Abraço 
luzes  fecharam  asas  para o verão. 
O céu, de sobretudo  cinza
afina  a banda de Ipanema

Minas de chumbo e cobre
vomitam mãos de crianças
enquanto as  águas  Encurtam,
caindo as máscaras  Todas______

Um coro de harpas de obuses
penteia os Rostos  do inferno.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Soneto Anoréxico(Coisança Lúdica, nº 6)

Banzo
Mor
Deste
Chão,

Samba
Sempre
No
Pé:

Car
na
val,

Sa
ra
vá.

Urubupungá

Sertão mais brabo. Butuca
assim pra riba dos couro -
distroncho murcho cambaio -
a gente não vendo nuvem
no céu, chumbeira por Tudo
em muita légua de Roda, agouro
rente, de Cima:

Esse  urubu  vem  Pungá
pra  riba mêrmo da gente______
só de butuca  esperando
a gente  arreie  os  parango
no chão da treva, sivirina
Mortalha.

Flavianá(Soneto Inglês, n.º 12 - Para Flávia Muniz, co-autora)

Puxa a linha do Equador,
amarra-a no coração:
__Ver se o novelo do mundo
não  desenrola....

Procura por sinos brancos
nas cidades de nuvens, 
garimpa  estrelas-Crianças ,
são teus  olhos de Jade....

Ensina outra vez: O tempo
não dança de ontem nem hoje,
só quem bebe esta  Água
garoará  de  Amanhãs_____

E  plantes  na eternidade
rio  imenso, de Sempres.

domingo, 4 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Tê(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 4)

Santa
Tê.
Que
Saudade:

As
Tardes
De 
Bonde___

Vão
vol
tar,

Bo
to
Fé.

Soneto Inglês, n.º 11(Para o amigo Paulo Maciel)

No corpo das avenidas
os homens lembram Babel
pelas esquinas, calçadas
ferventes em lítio e gás____

Entre dois goles de nuvem
beberiquemos Dilúvio
junto dos ternos cinzas,
máquinas sobre dois pés

Há muito não se ouve flauta
no prédio Menezes Côrtes 
mas harpas de mil cavalos,
fumaças, coros de Tosses____

Fechadas  as Cinco Salas
ninguém é  Um: Legião.

Leme(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 3)

Mar
Perto
Céu:
Lua

Na 
Areia,
Em
Pé_____

Não
pen
sar

A
noi
tar.

Laparão(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 2)

A
Lapa
Na
Sexta:

Ver
Baco
Na
Certa_____

Man
gua
çal!

Bo
ra
Já!!

Soneto Inglês, n.º 10

Um mundo, dois Amanhãs,
já não é mais  Carbonário.
Tempo fugiu como pôde
usando  a escada de incêndio_____

Céu de nuvens  em fogo
lambe  a carne das árvores,
rios  vomitam peixes,
iaras sacis borboletas:

Plantado  o trono da Besta
nas cinco Salas do homem
as cores morreram Todas,
sobrando  o sangue nos olhos_____

Um mundo, dois  Amanhãs.
Já  nunca mais  Carbonário.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 9

O horizonte  devolve o mundo
que  Vejo. Volta a galope
fugindo dos homens-Coisa,
de fuzis e granadas.

O mar perde suas folhas  Azuis:
Chegam seringas  gigantes
injetam óleo em seus braços,
sob o olhar do Demônio.

O sol deixou de Sorrir
junto da Virgem, do Hóspede_____
fugiram pelos meus olhos,
trancando a porta:

Enquanto  espadas  Espreitam
acima das últimas crianças.

Soneto Inglês, n.º 8(Para o Maurício Einhorn, no seu aniversário)

As quase-pessoas
diferem  Muito das pessoas-Aves.
Certamente inda respiram melhor
do que as Não-pessoas_______

estranha cruza de carne e sangue
com graxa e partes de ferro.
São os "técnicos", os "burocratas".
E se alimentam de gente.

Mas o perigo Maior
são mesmo as quase-pessoas,
com pele e voz de cordeiro.
E  quase  parecem Gente.

Diferem Muito das pessoas-Aves.
Que somos eu, você, mais alguns.

Futurama(no espírito do dia: 02/11....)

Quando o mundo se cansar de  Mim
devolverei meus olhos e ouvidos
no sem-Fim do Espaço, no guichê próprio:
Depois de encher formulários
e assistir  meu enterro, de novo.

No mesmo guichê receberei  três pedras
do anjo que ali boceja______
já fez entrar (entre tantos) a Princesa Isabel
e Anne Frank, com a irmã Margot

depois me dirá "cada pedra representa um mês", -
e prossegue - "vai ter de explicar à Virgem
porque depois de três meses
ninguém lá embaixo anda sentindo sua falta"

(Já sei que treze milênios
me esperam no Purgatório).

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Amanhã(Soneto Inglês, n.º 7)

Cinco mil anos após
o sacrifício do Hóspede.
Na maioria das cidades
madeira é matéria Morta______

as árvores são de concreto,
seus galhos escarros de ferro
que um dia dormiram  fundo
em  Morro Velho, Geraes.

Os  homens são partes montadas
em granito e chumbo,
andam em  cavalos atômicos,
não chamam a ninguém  de amigo.

E, sobre todas as mortes 
desaprenderam a palavra "música".

A Casa Verde

Quando criança, fui Pássaro.
Durante anos o sol se pôs nesta Esfera
e eu esperei de meus semelhantes  -
pequena gênese de górgonas Futuras  -
que fossem pássaros
como eu também me Voava.

Depois
foi tempo dos homens
temerem os dentes do Átomo, e em nome dele
fazerem  Sofrer outros  homens  -
fossem vermelhos ou azuis  -
ninguém não vendo o que se escrevera no Livro Antigo
sobre a árvore do Sangue,
e girassóis e pianos
também choraram de Sede
nas matas de Moçambique______

Partiu-se o Espelho dos homens
ninguém procura seu  Rosto
no semelhante  Caído, mas levam dentro dos olhos
abismos de Fins, Silêncios______

O choro do filho pródigo
confirma a Voz das três águias
e o desespero dos anjos
às tontas pelo meio do céu:

À mesa das Bodas
cabia muito mais gente
que o Hóspede com um  sorriso
envolveria num abraço Elétrico.