sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Valsinha pra ela(Versão soneto inglês, nº 85)

Tu, moça , tens de um delicado veludo
esses teus olhos que marejam
 nebulosas longínquas a bocejar planetas
onde eternamente é verão_____

como se sóis nadassem todos na languescência
que vejo nos alcantis e declives, Gentíleas curvas
teu corpo: céu claro, firmamento dos pássaros
tão mais flautins em ziguezague

entre os anjinhos barrocos de Diamantina, e lá nos matos de fora,
nos cerros e estradas e rincões de tropa
lá onde os rios escondidos, mais funda mata
vão dez mães d'água invejosas_____

de eu preferir-Te mil vezes
em mil possíveis Surgências...
(Pintura: O Casal, de Ismael Nery)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Zenitício

Mulher, tudo foi sol depois de empós
bem Chegares____  aquilo mastro de gávea
em cózes de Epifania quando o cabrunco
se esgoela gritando "Terra!",
ela palavra-Mágica(no tempo das Naveganças).

Bem sei  mulher que a mocidade
se acaba, algures. Mas seguirei o castanhô dos teus olhos
ainda quando, bengala/muleta à mão, o porte já mei' cansado,
fizeres cuscuz para os netos_____

achar teu rastro no espaço-tempo
foi certo de um mesmo Elísio  -  como o da mulher  viúva
ao se alegrar com a dracma encontrada  -
foi coralzão  de cellos e trompas
tangidos por anjos num banzanzário
preludiê  Cabamundo.

Foi zenitício, mulher, esse  zunzê mais Quizomba
aberto no peito que nem
elas veias das minas de Morro Velho
lá nos antanhos sofrentes,
terras: do Alferes sacrificado,
e de  Marílias  Eternas.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Poema Antigo

    Girassóis cavalgam
    minhas paredes de pedra.
    Na casa  por todo canto
    o meu retrato sem Rosto.
   Noite, inda cantando  Abril.

  A  viúva pobre espera as bodas do  Hóspede,
  gnomos dançam a Roda
  pelos estreitos do sótão, falam das luzes de Ofir,
  das termas de Maracá,
  transformam  pedras em pães.

    Lá fora os braços da noite
    murmuram mantras, relâmpagos
   árvores tremem de frio,
   puxam cobertas  em lã, assopram velas_____

   Já  dorme o filho mais novo,
  anjos  preparam  a Escada.
(Imagem: Pedra da Gávea, de Portinari)

Cabrúcio não-dormecido(Pro amigo Hugo Stutz)

           Perdi o sono e a Esperança .
           O mais é barro, órfão de Esculturências.
           Cavalos azuis há muito não batem ponto
           ali na presidente vargas
           e carro algum mastigará meu corpo____
           cabrúcio  desmalazarte.
           As horas fogem de mim
          num pesadelo de coelhos brancos.

         Girassóis inutilmente
         manejam fogo anti-aéreo
         (o chão crivado de balas),
         despautério Adulto. Mulheres de guarda-chuva
         protegem filhos de bronze.

         Entre as fogueiras e o amor
         a soma da vida é Nula.
        Carrego comigo  a náusea, perdidos:
        O amor, a esperança,
        e demais Florícies.

domingo, 5 de outubro de 2014

Credo Marmarino(Para a amiga querida Constanza Muirin, em seu aniversário)

Meu verso(avesso aos rés-Facilismos)
é  tez-Carraspana
verdamarela, filho dos Sopros de Sagres, caraça-Mor
mais peroba, destrambelhança
das quarenta mil perguntas
e dos noves Fora,

do rosto e sopro do Hóspede
nos oceanos profundos
e dos terraços de poesia 
por onde os anjos guerreiros
trarão cavalos pro  fim do mundo

Meu verso, um pós-Quilibró
desossa as matas de ferro
e crê na volta dos passarinhos,
na vida após ela, a Parca,
no reino dos primeiros Três
depois do fim Bruzundério
das coisas todas, dos homens.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Relatório Cabrunco

Entonces vero  é dizer
que tenho o sentimento do Mundo,
mas de Candência
apenas duas mãos. Eu nem sequer
tive força que bem vingasse os  erês
mortildos na Candelária há bem mais tempo
do que me dá nas lembruras____

e são que nem Daralgisa, o sineiro
a viúva e o microscopista,
que longe do sono eterno
jamais se acabam de morrer. Como os escravos
do capão do bispo no Cachambi.

Por isso o ceú amanhã
virá com mais roncós  de trombones
e chuvarada  Jacinta: ainda ninguém  que veja
que há uma guerra nas ruas
e é  preciso fogo e alimento, indo pra além
de parlatices e candongas Vesgas
nos pântanos sem visgulêra de acordes.