terça-feira, 31 de março de 2015

Confessio (À memória de Stela do Patrocínio)

Há tempos eu sei
que devo respeitar os loucos.

Isso bem antes de escrever poesia.
A poesia aconteceu pra mim
no augúrio da virada
pros trinta.

Mas antes disso fui músico.
Ainda entorto os fagotes.
Zabumbo nos pianês.

e desde quase sempre soube  -
mercê do Carma do Artista  -
que o universo adonde os loucos Oceanam

é cochambre Infinito.
Particular.

Epigrama (Pro Rafael Zacca)

É o calo
aquilo


          corte

         
                        forca


                      Jacinto


que


sAPEEEEEEERTOapatos



                                             mais



Deschanvelham.

sábado, 28 de março de 2015

Elegíada, em modo Sepúlcrino, fá menor (Pro querido Guilherme Gonçalves)

I)Prelúdio

Meu pranto nasceu cresceu
zambis-mucambos Inteiros
onde eram rostos-Jardins,
que meus xeréns zabelês  -  ipês de prata
Noutros céus de minino  -
fugiram todos correndo quando na porta da frente
mais Catinguda apareceu(mais adultícia, mais Férrira)
a tal da vida mais Vida.

Meu pranto roncou Vicência
nos aritís e Pandoras
depois que as águias da Noite
roncaram quintas mais Vastas
de amargarências e troles
rombudos gordos nos transcendês
ver diligências filisminas Malditas
rondós zaralhos não mais os lápis de cor
um dia maduros de Infância...

II)Incelênça

Meu pranto  -  magé-Barrício
hoje é meu vinho meu pão
mais pitéus de Nunquices
agora que Mara* as extensuras da terra
pra adonde meus olhos cornos
rabisquem rumos, procuras
e fuga à frente do Inverno_____

não vijo corças aladas
e nem Luandas de tambores-Sonhos
porque me fui troncho,
rabicho encôche ver negrumes Adultos
cós de estrupício mafaldo
maldito em tudo que é Dor
já 'maginada vivida
por leguelhés Fedentícios
mais catingudos nos cangalhés Sepúlcrinos.

(*Mara: palavra hebraica, significa "amarga")


sábado, 21 de março de 2015

Oscarício (Pra minha irmã Laura Pires. À memória de Oscar Niemeyer)

Pranchetas
suam sanguês de concreto:
rasgo de nuvem chovendo curvas,

quês de carnália, Furdunço
no mundaréu 
ver retilês Remelentos
foz-de-Mesmice_____

na areia da praia
Oscar risca o projeto.
Salta o edifício, isso apesar
de que há Muito se acabaram os homens.

Rabisco Ibó, Cinzalhudo (Pro Heyk Pimenta)

I - Prelúdio

Um dia meus olhos viram
espelhos fora das Águas.
Foi quando uns zé-branco nuns pirongo Enorme
chegaram do cu do judas
plantando mortes,
mata Adentro.

Com eles chegaro uns bronco di vistido preto
chamando quirieleissão.
Nossas filhas choraram sangue
parindo ebós Marabás.


II - Embolada

Faz tanto tempo e parece:
desdontem esse Despautério
ver cinzalhas rombudas Gordas,
elas noites distronchando Nuncas
pra meus zambis Quixotês____

e ISSO que meu povo só num mesmo século
perdeu Tancredo, o leiteiro, mais Juscelino
e Brizola,

fora Renato, ele só:
Inteiro ver-Legião.

Estudo em Putas Sofrências, dó sustenido menor (Pros queridíssimos Carolina Turboli, Flavia Iriarte, e Lucas Viriato)

Eu sou maldito, confesso
maldito, e leso de Tudo. Cabrunco
em putas Sofrências,
pranto-Apronto mortalhe_____

cinzalha-Má tribufícia
de mais falérnias Extintas
sou eu maldito, Confesso
lazário foz-Calibrino.

Joana a Louca de Espanha
(demente, prima postiça
da nora do bardo Tísico)
jamais sonhara armistícios
de fins solstícios-Morrentes
como esses que em mim: Derranque,
a chama esgalga partindo
empós as cores Defuntas,
mais traumatoorozimbos, baobás Entroncários
de ver quizombas mais Nunca
nos olobórios do cu_____

sou triste, corno, maldito
ver descochambre à Bangu
um dois três quatro dez mil
de enormitentes candongas jazendo mortas_____

desque anjos Tortos me viram Fora
do túnel-Ninho que foi o ventre de minha Mãe...

domingo, 1 de março de 2015

Primeira Gira de Março (À memória de Arthur Bispo do Rosário. Pra Danielle Ronald de Carvalho, e pra Liv Lagerblad)

Tez cerzida em cangarelhos de encontrôs Cabindas,
múltiplos Armagedons, Urupuçás e mais xangôs do Infinito,
assim teceste o Manto da Apresentação
sob encomenda dos Três_____

sopraste hálitos incandescentes de xeréns-Dragões
nas quarenta mil perguntas sobre o final
dos Tempos, o Trono Branco de ingás-Neutrínios e
os Condenados em jongôs nos Quintos, 
Japaratubas que novamente descerão do Sergipe
quando julgares vivos e mortos, como disseste aos basbaques
nos torreões de São Bento...

cinquenta invernos despentearam as árvores de Jacarepaguá
enquanto lá fora os homens dividiam o átomo
e soltavam corvos nos trigais do Hóspede: tu, ao contrário,
dos gurundús e gramachos erguias com remeleixo de monge
um Constelário de zabelês dos mais Chibantes*
já vistos neste mundão Roncolho, pra gáudio
da Virgem Branca______

quando por fim descansaste, e cavalões migradores
choraram tua morte num desembêsto pelas planícies da terra
Geraldo Erê-Viramundo te envolveu  num carinhoso abraço quando adentraste
as Alturas, enquanto anjinhos de calça larga e gravata borboleta
fuzarqueavam um Batuque, aquele mêrmo____
que a chata da sinhá num queria
na cozinha dela.  (Escrito mesmo em primeiro de março, 2015. 450º aniversário da cidade do Rio)

(Imagem: Bestiaire et Musique, de Chagall)
*Chibante: bunito, lindão