segunda-feira, 25 de junho de 2012

Margêo!(Pro Ricardo Chacal, e para todos os poetas da "Geração Marginal", dos anos 1970. À memória de Torquato Neto)

Imaginando capetas, quampérius
e todo um novo  Horizonte num tempo de generais
e gente sumindo na Barão de Mesquita____
Você, desde a  Gávea em 1970
 fumburundança  de acordes
traçado: Londres - gandaia - praia - palavra - Pulo____

Vambora essa reta  Torta!!!

Você, como outros  dessa Navilouca
transaram  Fala e Palavra
num tempo de sangue  e  Cale-se
e  por  se chamarem  moços: Estrada
em rés-Ventania____
ligaram  o  Foda-se  ao Máximo 

Hoje  uns doutores
da  Ilha  e  da avenida  wilson(Uns dois ou três -
de torque e talo - Nenhum )
chamam  vocês  de  margeiros,
descartadiços, passáveis, lixografentes,
fáceis. 

 - Porra Nenhuma!

Cegos  são  eles.
E  passarão, Certezura.

Vocês, erês-Passarinhos
'manhecerão  novas  Margens,
quampérios, doidos. Capetas.  Bangalafuma  pra Riba.
E  presidindo  a Pauleira.


(Pro  Ricardo  Chacal. E  pro  Torquato Neto, Charles Peixoto,
Cacaso, Ana Cristina César, Waly Salomão, Paulo Leminski, Alice Ruiz,
Chico Alvim, Tavinho Paes, Luis Turiba, Ronaldo Bastos. Todas  as Margens. Escrito  sob o impacto
causado pela peça "Uma História  à Margem", onde Chacal conta e canta um pouco
da trajetória, dele e do pessoal.Todo o pessoal:  manda descer, pra ver filhos de Gandhi.)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Madrugada

Madrugada... sem sono
pelos grotões  da terra humana,
após rodagens  nos canjiraus sem  flor
da caça da própria Essência....

Então zircotes cafés
drapezinas de milho rúim
e que se manja assim mesmo,
boiança dos derradeiros
dos trancos Ijuremás

e a seguir  trombetança
dos anjos  todos -  arrulho  Ilê
contra os folhais  trezemente
dos lamaçais  em Brasília....



quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cajuês

Talqualmente essas  preguiças pesadas
do centro de Piraí
o furdunçó  do sombrálio
sobre o folhedo ali da praça da república:
Manhã marulha de azul nos olhos da gente
desembolôs   Cajuês
dum  sol  graúdo  amarelo
nos socavões da presidente  vargas....

Nas  Casas Pedro  agora uns olhos da China!
Mas o bulício anda  mormaço
ainda em tons  das  arábias_______
Saara-Hagar
resistinindo   horizontes
de velhas asas
sem  Fecho.

Mas eu mas eu  cantarilho
em furdunçós-Cajuês:
Vestindo angola e alecrim
banzando  ebós contra os  bordões_______
tristuras más, catingôs....

Manhã marulha  de azul
sob um sol gordo amarelo:
 Tarde evém   devagar 
trazendo os rubros  dos prelúdios  noitescentes....



terça-feira, 5 de junho de 2012

Visões de São Mármaro, nº 4(Para minha irmã Laura Pires)

Num tempo
onde Itabira era um planeta enorme
os homens,  fazendeiros do Ar
não tinham prata nem ouro
mas trinta violas nos bolsos
e o mundo de janela aberta
se armava em pássaro e flor
contra os demônios do asfalto:
Pancrácia a louca e demente
inda não era rainha
de espanhas tenebriscentes

Serafins raptavam larápios
de paletós furta-cor
a Itararé inda era ponto de paca
e a Estátua era um menino moreno
brincando no corcovado entre os doutores

nos  japerês pé-de-serra
magunços dançavam roda num  terreiro benzido
(a  praça onze,  onde passara o cometa)
e o samba todo apareceu prum mundo
morrente nas trincheiranças

Mas veio depois um  mal tempo anoitecendo  Tudo,
varrendo as  almas num Grito:
Era Itabira  dormindo  em pedra e parede,
descatembrada dos jardins e Outonos,
num tempo mor de absurdos onde crianças
chamam petróleo de Mãe sob os olhares de babás atômicas
e ternos caros carregam pelas coleiras
restos de homens na avenida rio branco

 No entanto lá dos subúrbios inda resiste Esperanto____
Os pretos do Capão do Bispo no Cachambi
berrando ebós capoeiras
e Vassuncristos  no espaço:
sopro de mel-Cambaça ,
um tudo-Azul vagalhança
furdunço de  gira em roda
Nova, outra vez.



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Rodopianças

Faltança  d'água
nos cinco esboços da Gente 
em  riba lá  da  Bahia
aguinha besta que não se Chega,
que chuva é essa de só  três  vinténs,  meu Padim??  E o povo ali Jequié
 debaixo de um relho Enorme....

Mas seja   Imbira  ou São João das Mortes
ou Nova Iguaçu
há sempre Ausência mandando forno e cinzalha,
sempre uns bichos catando a vida nos pátios,
e a gente "meu Deus, e era um homem..."
sempre depois
do brejo inteiro andando em botas de chumbo....

Livros  não falam  quase
das guilhotinas da Noite
o braço do Blaise Cendrars procura um rosto
nas quintas de São  Cristóvão_____
 os cinco esboços da gente
dançaram nus, caindo na  bola sete
 um chope ali no entroncamento em Triagem,
onde os chapims Zabelês
falam das  notas de um samba
e inda se escutam batuques
cabaças giras lonjás:

Irapanemas litorais fim de tarde!
Maracangalha olha Nós
licença mundo   ê  Maduremercadão
que a vida-Mar  Carerê!!

Poema Torto

Em frente ao Santos Dumont:
Que diz beijocas adeuses presentinhos
lá dentro, embora as almas sob um sol púrpura
se entendam NÃO. Se bem que um sol
 de qualquer cor  sobrescidades   quaisquer
também  Serve, e os homens nos seus cavalos de aço
 não saberiam dizê-Lo.

                       II
Agora já no saguão, tempo
amarra a cara lá fora, primeiras gotas
percutem nos janelões,
 Zimbo Trio nos salões da Memória
chovendo pelas roseiras do Tom:

 Águas tão mar e Março
e dez metades lembrando
caramanchões  coloridos naquela chuva  pelos beirais
de outras chuvas-Manhãs, cheiro de terra e de Vida,
a  forma pássara mas Carnavália, onde amanhãs amanhãs
indo  Amanhãs
ladeira Acima e pra  Sempre.

sábado, 2 de junho de 2012

Carvoeiros, nº 2

Os menininhos  carvoeiros
ainda assombrando  a gente,
por mais que se reze.

Não andam  mais  'carvoados,
nem mais  apostam  corrida
montando  burrinhos estrompados:
Agora dividem espaço
com os urubus de Gramacho,
catando a vida  entre os detritos.

A tal penúria, anda  a mesma.
Ainda  a mesma a sujeira_______
das mãos, das  caras
do pão comido entre os lixos,
novos  "bichos  do pátio" - matéria  gasta,
que não  dá manchete.

Governo diz  que  se  Bole.
Uns  jacurangos  se  mexem.
O  resto  anda  esperando  a copa.

Cantiga Mínima

Do  enterro que passa  ao largo
importa   mesmo  o que  Fica:

Tão  Rara  a  vida, vestida  em  pássaro  e  Pressa_______
e  o  vento  leva
junto  das  folhas  da gente
prum  "longe"
sem  ponto-e-vírgula....