domingo, 5 de fevereiro de 2017

Estudo sobre a Memória Contínua(À memória de Heitor Villa-Lobos. Para a Mindinha Luciana, e para Alessandra Franco. E pro meu irmão de fé Marcelo Reis de Mello)

Ali, no paredêmio(*)dependurado
sobre cordéis girolírios
quadro, safra de 27:
boitatá musculoso ampara uma harpa-sofá,
os butucão porta aberta até às fraldas
da serra de Inajaróba___________

carrapeta estridula, Saturno desce do 174
levando a professora morta. Pra que o relógio 
possa falar e aquela nuvem desça até 
o jardim, e tigres subam o muro,
braço de mar

maxixamente aleitarando Vanhácias,
hominidade outonal, lá vem manhã, pariceira
em garoa...

Mas ele quadro puxa do alpendre uma breja,
última lata pra Bater: o velho, sabe aquele velho

da casa Rente? Era o minino do trem,
nos idos de 27_________ no banco ao lado 
um zabelê-Cabeleira(**)cheio de urutaus pelos bolsos
tomava notas, transcendentário, Futuro__________

depois quimeras uiaras oxuns-de-Rio
saindo dos paredêmios liriogirantes
como andaraimes,
ela memória, catiça,
Continuamente....

(*)Paredêmios: paredes.
(**)Heitor Villa-Lobos compondo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Variante sobre um Poemadrugatício, de 2011(Pra Luciana Moraes)

Num ponto da vinte e quatro de maio
aos dois pras três o posto bê-érre:

madrugada Intardece. O poeta
assiste à bebedeira dos carros - táxis,
na maioria.

À mesa um des-estílico Pimpinelado,
junto ao livro da Florbela Espanca,
adquirido no Catete, ant'ontem.

Outono anda crescendo no retrovisor, minha estante de livros
fala em saxofones Gigantes

de 1930, no Curvelo o poetaço anguloso
chamou o cara de Juiz de Fora
de bicho-da-seda. __________

Eu penso nas viúvas de hoje
(que não jogam verdes na Bolsa), e nos pianos
antigamente encontradiços nos rapeús(*)
dos bairros de Olaria e Ramos.

(*Rapeús: casas de funcionários públicos de baixa graduação)