quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Cavalo Amarelo(Ao meu irmão Phelipe Chiarelli)

A tarde
Em pleno arcabouço do fim já perto.
Então que no Rebouças rendido
Uns pés no chão surfando a vida
Entre as carroças de ferro.


São deles dois/três
neguins da Estação Primeira
O sangue indiferente que a pistola dos polícias
espalha no asfalto à jeito mesmo
Dum Pollock distraído
Enquanto os carros voltam à toda
xote de mais Sangueira.

sábado, 26 de setembro de 2009

Precípito

De alfombraçã longitude
Esses Escombros ...
pórtico aos crepúsculos-Ferro
Erês-Palmares
Ares-Erro
Cinzalha que vem  depois
Das  nuvens todas Marés,
Homem seu Número.

Perdi
Dez anos e perdi Maria
Viola amarga, partida
Os girecês
Tão pássaros de Nunca...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Crepusculário

Vem Transe indistinto do Sono
Ilê de lua móbile no espaço
Mar de catedrais submergidas, Vem!
Vem nesse teu manto
Tão de noite vestido
Vem sobre os meus olhos
Nessa eternidade-Abraço onde os crepúsculos-Ferro,
Vem desse palco
Onde as mais ômbraras matrizes de Extinto
Vigem númenas-Erro
Vem desse antiquíssimo suspiro
Aqui tão Sopro como em toda carne
A flor da morte inexcapável, Vem!

Vem sobre o meu canto Numeroso
Vem sobre as esquinas de Olaria
Onde há quase um século
o maestro  Pixinguinha é História
ali  na  Dr. Nunes, vem
 sobre estas  mãos que te Ofereço
E junto o Sentimento do Mundo
Vem sobre estes séculos que trago em transe no Peito
Como as cigarras de Laranjeiras a Zinir
Sobre o poeta Anguloso;
Vem sobre a fornalha onde Deciso
Imolo a carne que visto como oferta bárbara
Ao meu Canto, Isaque ao monte Moriá
não trasladado à lã de toda a gente,
Vem!!

Vem
Que vos peço a graça de ser todos os tempos
E de ser Agora,
De saber teus alfabetos mesmo os Idos,
De ter sete rostos e nenhuma imagem no espelho
E ao mesmo tempo um rosto no espelho
E mais nenhum que os homens Conheçam;
Que eu me saiba Homem
Andando na cabeça de Deus
Enquanto os outros se dizem deuses
Aos seus próprios olhos
Mortos desde antes da fundação do mundo.

Vem enfim Transe indistinto do Sono
Com teus elefantes longínquos
Que talvez vejas surpreso haver em Mim
Consubstância aos teus eternos
Pulsos por minuto, aquilo de,
Num mesmo espaço-tempo
A carne do relâmpago, na mesma Página.

Esboço a Carvão

Marrano em foz-Navegança
as naus pastoras em gestas de nuvens
que o sentimento da  Chuva
um cachambi, de tão Sonhos....

em vés talvez
que ultramarina a moça grande
aquele som das Geraes
nos ouros do apogeu de Então....

erês-Brasília foi toda a terra planalta
que meu pai viu quando passou na casa da ponte
onde mil céus de Goiás
na voz demais  Coralina....

girão de aléns os meus sonoros junhos
eu de bantós  ver Guaxim____

pensava  Mundo, era  minino
e não-Medo
enquanto as férias no sítio....


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primeira Imagem dos Passos

Senhor do Mundo
Um pântano me prende com braços Longos
Eu já Retorcido e não-Todo, como no princípio
As águas no Infinito
Abaixo de Ti mesmo
Antes da Luz, da voz Primeira.

Senhor
É bem verdade os poços de Siquém
Transbordam meus josés escondidos
Os mercadores árabes à Espera
Eu tão no rumo do Egito
Um sentimento do mundo
Como o sol nas janelas Todas.

O próprio firmamento não me Alcança
Os dentes de pérola me rasgam a carne
Amiga dos prazeres
E do inventário do demônio,
Eu vítima dos elefantes Longínquos
Nem sombra de Santo Antônio.

Senhor!
Enquanto inda ouço tua voz
Nas dobras da Mantiqueira
Fazei-me o avesso dos  príncipes
Nas plagas do mar-Laguna
Eu durma o sono das crianças
Acorde em tempo de Figos.

Tantra

Tantcho esse aprendizado
pra catedrais Submersas
dispois:

antes do Choro botar gravata
no goelão do mundo veio seu jazz bem tio-sam
fubazanzando pra Muito_____

sobrou pra nós guaribundos o chororô
junto das sacas de café mandado às Pencas
pros fogaréus....

descomentário lulístico: Esparta
e os passaréus de Brasília um tento só
de comum, o numerão 300

mas lá: tudo ogum-Guerreirança,
já aqui....




sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Primeira Última Palavra da Cruz

Senhor de todo o Mundo!
No exato instante em que vejo
Társis desfeita em Nuvem
Me percebo em pé no sétimo Naufrágio
E dentro do grande peixe.

Sou toda a Nínive e três dias
Vestida de Babilônia
Agora um morro em meu Rio,
inda  cidade Partida.

E me confesso Arrebite:


eu nu
Sangrando novamente as mãos, o lado Teu
Prossigo o sânscrito Maldito
E novamente à cruz infame te Derranco,
Tu que me assombraras
Erguendo-me dos lixões de Gramacho
Ao vento novo e manso de tua Cruz.

Congonhas: Os Doze Profetas (Dedicado a meu irmão Phelipe Chiarelli)

Um dia
A gente acorda mais Cromo
E na janela
Já passaram cem anos:
morrerei, morre Tu.

Em Salvador aquela escola da igreja presbiteriana __
O " Dois de Julho " ___ Jazerá no além de cambulhada
com a cidade inteira ___ Pelourinho e tudo ___
Após a sétima Trombeta.

O rei de Tiro
programa um tiro no pé
E todos os caminhos da terra
estrada para Megido:

o homenzinho loquaz
Que andara à roda das feiras ali no trecho
Cruz das Almas - Feira de Santana vendendo balõezinhos de cor
Agora é visto no céu
Mesmo por cima dos reinos
todos do Mundo
Apregoando infatigável às aves de rapina que chegam
(e chegam de toda parte)
Os olhos muito redondos fitando as gentes
Lá embaixo:

" eh que evém ele o Churrasco!!!
Evém carnança da boa que hoje inteiro não fica
um cabra só que respire!!!"

As gentes cá embaixo embora enxerguem o homenzinho
nem cogitam num tiro, tão pasmas estão
daqueles gritos de rasgar os tímpanos,
muito embora os idiomas ali
andando à casa do milhar.

Então que o Cristo __ Nosso Senhor __
Ele mesmo aparece
montando as nuvens em pêlo o relho Inteiro
na mão: Depois então
'Caba o Mundo.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Agosto

No agosto que deu no asfalto
Esgoto as últimas orquídeas,
Só o princípio das Dores:
que meço noivo e cavalo
Em preço e causo de paca
Mundo não vê Mundéu,
Por isso o número de Homem.

Também mais tarde as estrelas,
Três que rumo do chão das águas-Mar
Amazonas___Um nefilim de barba
E trompa de babaçu:

vai soltar o rei da Quarta-Feira,
Vasco X Santos depois,
Flamengo X Ceres no Fim...

No agosto que deu no asfalto
O esgoto à vista de todos
Esgoto as orquídeas Últimas
Enquanto a dor em Princípio_____
Depois caveira e cavalo,
As grandes águias no céu
Um timbre-Fim de trombeta:
o Cristo-Rei, 'caba Mundo.

Pequena Antífona aos Cravos de Abril (Dedicado a memória da Revolução dos Cravos em Portugal, abril de 1975)

E eram as vagas mais cortantes, tão,
Que eu me julgara já morto________
Três vezes o monstrengo urrara audácia e poderio
Os dentes todos do oceano uma bocarra só
De fúria insana a chacoalhar meus ossos
___ Que era o fim do Mar...

Tal fôra
O Fito e o fim
De tantos jovens portugueses
Que deixaram virgens por casar em casa,
E órfãs tantas mães
De tantos filhos...

Mas de outro modo é que não fôra
O mundo português de mar Afora
Havendo em Sagres um juizo de mais templária força
E de certeza Mística:

de não haver maior glória humana
Que esta: a de ofertar ao mar e à morte
o dom da vida, à arte de navegar
A seiva bruta dos corpos
E por fim, se Imperativo

Tecer no fundo do oceano
O último Sono...

Segunda Imagem dos Passos (Dedicado a Laura Pires, querida Irmã)

Senhor do Mundo
Enquanto reinas de trás-o-Tempo
Sobre os âmagos de tudo
Eu busco nos sonhos
O rosto de alfabetos extintos
Por onde sopraste sobre os homens
A palavra Primeira.

Então que olhamos o céu
Como se dele tivéssemos vindo:
Vênus como se o tocasse
Um braço incandescido.
A descoberta do fogo antecipaste, claro:
nela fomos Homens, e Malditos.

Na aurora do tempo mesmo
Perdi meus esperantos de origem
A árvore da ciência me faz nu
E me derruba junto do primeiro Adão. Depois
A morte, que aparece de gravata grená
E precedida de uma orquestra de trombones.

E desde então
Que geme a carne do universo
Gemo eu mesmo, carne de precária Instância
E pasto dos demônios verdes,
Que me sobem pelos braços da memória.
Há muito que entulhamos os poços de Abraão
Bebendo sangue mesmo
de nossos irmãos e filhos,
Enchendo teu jardim de corpos mutilados
E barris de petróleo.

O sangue que derramamos
Escarra das bocas da terra desde Abel
Até o patrício Jean-Charles
Morto nos trilhos
e nos tribunais de sua majestade britânica.

Os anjos todos gritam Daí, é nada:
nós não mais te ouvimos
Desde que trocamos teu Rebento de Jessé
Pelo inventário do demônio,
Pelo demônio Mesmo.

Registro Civil

Então renascerei de outras Fórmulas
Co-seno alcântaro diverso
Em versos-Ângulo, a mímica do espaço múltiplo
Nos atabaques,
Eu já livre dos demônios grandes, verdes
Dos meus eus-de-Baixo.

Cada vez
Mais porcelanas de entre-Maltas
Infínitos de Heráldica e de Mim,
Dezoito Outubros.

As caravanas de Hagar
Não mais virão pra me levar pro Egito
Nem meus irmãos beberão cerveja
Com o produto do meu Cáucaso.

Então meu pão
Serão os abricós das árvores da estrada
Meu leite o chá que brota das pedras
Ervária de manguarí
Sem praga de Calundú.
(Imagem: O abraço do amor do universo, de Frida Kahlo)

Estudo dos Relógios Torcidos (Dedicado a Laura Pires, querida Irmã)

Acordo tarde um sol cubo
Entrando na janela às três
Depois do grude
Montando um gigantesco pente de marfim
Acima da sede antiga do Bonsucesso.

Se dei por Mim?
Perdi metade dos dentes
(fugiram num Ita rumo da Groenlândia
pra ver as primeiras flores em Séculos:
Fuzó-Descongelo
Esse mundão d'Escangalho...)

O velho de barbas ruças
Me olha do outro lado do tráfego
Todo Raul me diz ser Ele o pai do Rock
E pergunta se me viro
Com três anjos, dois clarinetes______

Eu respondo "Então", e tempero a garganta:
"só não sei
A quantos Tiradentes Chego."

Antífona do Arco n º 1(Dedicado a Laura Pires, querida Irmã)

Vários os silêncios
Onde os cânticos do Tempo
E da minha Vida . Meus pés
Inda os encontro no chão das nuvens,
Firmamento dos pássaros Andor
Do que Voe. Onde vário
O rosto do vento inda meu canto,
Cigarras mágicas do mundo,
Pés que: afã de Raiz.


             II

Outubro por toda a rua,
sons de flautins sobre cabeças de mármore,
então depois tempo-Rei,
'cabaMundo.