quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sete de Setembro(Escrito em 07/09/2011, para minha Irmã Laura Pires)

Havia praças  num tempo
onde as casas não eram  feitas
de mortos. Olhar o céu
se Podia
(e até existia , que  minha avó
olhava, e dizia: "meu Deus").

Haviam jardins  e crianças
banzando soltas nas flores,
 não era proibido.

Guardas  municipais
ajudavam moças e os poucos velhos
a subir no bonde, os anjos(morenos, bons, brasileiros)
quase não tinham trabalho,
viviam jogando bilhar
em cima do Palheta,
na praça Saens Peña.

Homens passavam fumando
(nos ombros  apenas
o peso dos próprios ternos),
inda sorriam  fla X flus  na rua Álvaro Chaves,
e ainda  adiantava  morrer.
Ninguém cuidava do mundo,
nem do algodão  seridó.

Era  num tempo: as noites
não anoiteciam  Tudo,
haviam  Estácios, Mangueiras.
Havia  lá no subúrbio
o respirão da Portela. Havia  a Lapa.

Hoje? Mulheres de ferro
protegem  filhos  biônicos
dos gases  que andam  queimando
as asas  dos  anjos
no que sobrou do céu.
Ninguém mais anda nas praças,
varridas de pó e pânico. Qualquer lugar
é a ilha de Manhattan,
já não se diz  passarinho.

Sorrisos  técnicos  derretem  flores
ombros  suportam mundos,
antes privilégio
dos edifícios.

Cavamos poços  de cimento  armado,
morreram Tancredo  e o  leiteiro.
Não há mais praças,
nem girassóis,
nem  Tempo.

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