Entre certo junho e outro setembro
mercadores chegam à porta da cidade,
ao canto do primeiro pássaro.
Sol desfaz do Neguev
manto da neve dormida,
posso lavar meu rosto
enquanto a governanta prepara o café,
mesma água
Irá buscar beija-flores no bosque em frente,
concede-nos Senhor a paz de Simeão
entre setembro e entre junho
e nossas contas a esperar na sala.
Entre certo junho e outro setembro
me sento à mesa do café,
com duas espadas no bolso. Recordo os filhos do trovão,
sorriem apenas meus olhos:
em Londres neste momento
o parlamento estuda sanções
contra africanos e árabes, imigrantes presos
por terem fome e sede de Justiça.
Rogai por nós Virgem Santa
rogai por nós Pecadores
pois consumimos petróleo em nossas mesas de almoço
e danificamos o azeite e o vinho, chamando Nosso
todo o inventário do Demônio,
e há quinze instantes morremos
pela palavra e por água.
Deus disse: São estes ossos caídos
que hão de vir pelas esquinas do Eufrates?
Então retornaram os Ventos
para dentro do profeta
que terminou seu café.
Num certo junho,
noutro setembro.
( Iris, de Vincent Van Gogh. Foi pintado apenas um ano antes de sua morte, em 1890)
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