Há muito que foi dezembro
na cidade de New York.
Era o princípio do inverno
era o final do outono, não Importa.
Importa mesmo
é que mataram John Lennon.
Havia neblina e fuligem das fábricas
nas vidraças das casas, mas certamente
ainda haverá Depois.
E que meus rogos te Alcancem,
das profundezas Clamo.
Multidões me esbarram nas ruas
mas cada um é uma ilha do dr. Moreau,
seu grão-Deserto onde demônios grandes
dançam sob acordes de titânio, e ninguém
Vê, não há ninguém
que dialogue com o espelho
que reparta ao meio os cabelos,
ninguém ousando um café
na hora do rush, ninguém
que distraído morda uma fruta.
E sempre lembro John Lennon,
morto . Lembro também Tancredo
morto mais próximo, Doméstico____
tragédia igual.
Mas tal certeza de finitude
é mais elástica do que os limites
dum corpo, está por aí
nos pântanos, na água limpa das cozinhas
nas páginas da bíblia aberta no oratório,
nos hemogramas, no pão. Por onde
meus olhos corram o Semeador
saiu a semear, o campo é o mundo
o Demônio são os outros,
os mortos somos Nós. À beira do grande abismo
doze cestos de pães e o Cristo longe das casas,
mais Longe
dos corações. Estou à porta, Bato.
Que vês, filho dum homem
recém-escapado aos fogos de Cartago?
" Meus olhos são tão carne, e Curtos
mas são legião, são todo um Século.
Vejo três Águias ao longe
Ai dos que vendem meu povo
por dez barris de petróleo
e não contentes extinguem a luz
dos olhos das crianças, paciência do Senhor
é Finda.
Vocês mataram John Lennon
e detonaram a bomba do Riocentro
eis o sinal de Jonas, címbalo de Hefaistos
num lago antigo."
Meus rogos cheguem a Ti,
que em torno de Patmos
reine, Senhora , a Memória. Dona nobis
Pacem.
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