terça-feira, 5 de junho de 2012

Visões de São Mármaro, nº 4(Para minha irmã Laura Pires)

Num tempo
onde Itabira era um planeta enorme
os homens,  fazendeiros do Ar
não tinham prata nem ouro
mas trinta violas nos bolsos
e o mundo de janela aberta
se armava em pássaro e flor
contra os demônios do asfalto:
Pancrácia a louca e demente
inda não era rainha
de espanhas tenebriscentes

Serafins raptavam larápios
de paletós furta-cor
a Itararé inda era ponto de paca
e a Estátua era um menino moreno
brincando no corcovado entre os doutores

nos  japerês pé-de-serra
magunços dançavam roda num  terreiro benzido
(a  praça onze,  onde passara o cometa)
e o samba todo apareceu prum mundo
morrente nas trincheiranças

Mas veio depois um  mal tempo anoitecendo  Tudo,
varrendo as  almas num Grito:
Era Itabira  dormindo  em pedra e parede,
descatembrada dos jardins e Outonos,
num tempo mor de absurdos onde crianças
chamam petróleo de Mãe sob os olhares de babás atômicas
e ternos caros carregam pelas coleiras
restos de homens na avenida rio branco

 No entanto lá dos subúrbios inda resiste Esperanto____
Os pretos do Capão do Bispo no Cachambi
berrando ebós capoeiras
e Vassuncristos  no espaço:
sopro de mel-Cambaça ,
um tudo-Azul vagalhança
furdunço de  gira em roda
Nova, outra vez.



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