Num tempo
onde Itabira era um planeta enorme
os homens, fazendeiros do Ar
não tinham prata nem ouro
mas trinta violas nos bolsos
e o mundo de janela aberta
se armava em pássaro e flor
contra os demônios do asfalto:
Pancrácia a louca e demente
inda não era rainha
de espanhas tenebriscentes
Serafins raptavam larápios
de paletós furta-cor
a Itararé inda era ponto de paca
e a Estátua era um menino moreno
brincando no corcovado entre os doutores
nos japerês pé-de-serra
magunços dançavam roda num terreiro benzido
(a praça onze, onde passara o cometa)
e o samba todo apareceu prum mundo
morrente nas trincheiranças
Mas veio depois um mal tempo anoitecendo Tudo,
varrendo as almas num Grito:
Era Itabira dormindo em pedra e parede,
descatembrada dos jardins e Outonos,
num tempo mor de absurdos onde crianças
chamam petróleo de Mãe sob os olhares de babás atômicas
e ternos caros carregam pelas coleiras
restos de homens na avenida rio branco
No entanto lá dos subúrbios inda resiste Esperanto____
Os pretos do Capão do Bispo no Cachambi
berrando ebós capoeiras
e Vassuncristos no espaço:
sopro de mel-Cambaça ,
um tudo-Azul vagalhança
furdunço de gira em roda
Nova, outra vez.
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