quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Crepusculário

Vem Transe indistinto do Sono
Ilê de lua móbile no espaço
Mar de catedrais submergidas, Vem!
Vem nesse teu manto
Tão de noite vestido
Vem sobre os meus olhos
Nessa eternidade-Abraço onde os crepúsculos-Ferro,
Vem desse palco
Onde as mais ômbraras matrizes de Extinto
Vigem númenas-Erro
Vem desse antiquíssimo suspiro
Aqui tão Sopro como em toda carne
A flor da morte inexcapável, Vem!

Vem sobre o meu canto Numeroso
Vem sobre as esquinas de Olaria
Onde há quase um século
o maestro  Pixinguinha é História
ali  na  Dr. Nunes, vem
 sobre estas  mãos que te Ofereço
E junto o Sentimento do Mundo
Vem sobre estes séculos que trago em transe no Peito
Como as cigarras de Laranjeiras a Zinir
Sobre o poeta Anguloso;
Vem sobre a fornalha onde Deciso
Imolo a carne que visto como oferta bárbara
Ao meu Canto, Isaque ao monte Moriá
não trasladado à lã de toda a gente,
Vem!!

Vem
Que vos peço a graça de ser todos os tempos
E de ser Agora,
De saber teus alfabetos mesmo os Idos,
De ter sete rostos e nenhuma imagem no espelho
E ao mesmo tempo um rosto no espelho
E mais nenhum que os homens Conheçam;
Que eu me saiba Homem
Andando na cabeça de Deus
Enquanto os outros se dizem deuses
Aos seus próprios olhos
Mortos desde antes da fundação do mundo.

Vem enfim Transe indistinto do Sono
Com teus elefantes longínquos
Que talvez vejas surpreso haver em Mim
Consubstância aos teus eternos
Pulsos por minuto, aquilo de,
Num mesmo espaço-tempo
A carne do relâmpago, na mesma Página.

Um comentário:

  1. RESPOSTA DO CREPUSCULÁRIO

    VOU, absorto, leve como o chumbo quando é líquido,
    ácido e trivial e necessário como o mercúrio dentro do termômetro,
    onde meto-me nos lugares mais indesejáveis
    para prenunciar-te a salvação.

    Vou.
    Cheguei.
    Agora esquece.

    (Do autor de Cânticos de Eva...aquele carinha da biblioteca)

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