quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 40

 Des-mundo este sob um sol trelento,
e mesmo assim me sirvo dum chá,
unânime: Todos os eus sentados
comportadamente, sandálias vestes

de  Fora, que hoje tem sim-senhores
vespeiro  de tempo-Rei, então depois
 caba- Mundo, e nunca mais Risoléus
de oboessências-Manhãs:

Por isso a mesa montada, onde o coelho
e a Alice rezando uns kembas pras
Não-pessoas, que ainda pensam fugício
 do açoite e fúria  do Hóspede_____

Um ledo, marildo, filismino Engano:
Mundão se vai pras Cucuias....







quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Boitempo(Soneto Inglês, n.º 39)

Desque foi Mundo  o boitempo
que vão-se embora meus  Braços,
calhau de imbuia  mastráfalga
cheirança-mor mata-pau, com pernas

dentes  bandeiras, bulhó de essência
Defunta, meus olhos refletem mundo
onde nem  rêsma de Alume, ogum-bassã
jezebéu, sem reza braba que Chegue

prum cafezim  mais  chinfrim, sou eu:
Um galgo obeso  Tromboso, des-verdinário
e bozó, tão rente  de todo Nunca
já proferido, inventado_____

Que vão-se  Embora  meus braços
desque  foi Mundo  o boitempo.

Sofrôso(Soneto Inglês, n.º 38)

No tangeril da mortalha que descolore
os floretões de nossas vãs esperanças_____
Salseiro das nuvens pandas, Enormes,
chuva desce a ladeira dos olhos

mortos de Sonho, e toda várzea abarca
uns nadas  Extremos, final de encanto
e de Infância quando  as escadas  Partidas
não vigem fuga pra  lugar  Nenhum,

enormitária a maré dos ouros feitos em
lata: É todo um canto de funéreas cores
o que respiram meus pulmões  sofrosos,
eu todo um Pulha, lábios secos  Inúteis_____

Cujo aposento, em poxoréu  Descalabro
não viu mulher em toda a mísera  vida.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Em Jacarepaguá ....(Para o amigo Luis Turiba)

As nuvens
cabindas baixas
Burbururéu de  cem trombones rombudos
no mei' da tarde
dezembro Moço, quentário(quase 40)
 vento
mexe o cabelo das árvores
num despenteio
Arrupio_____

Vem ela chuva e só resta
a gente se engrupiar num braçado
embaixo dum ponto de ônibus:
Geremário olha a chuva naquele blasê dos fantasmas,
o nome em todas as placas

Vem ela chuva mais Tãããããão
em cima a trombonada enlouquece,
fósforo Elétrico
pelo céu Tudo
eu tranço no cocuruto
nem sei por causo de quê
melodia
dum tempo-Longe minino_____

Porto Alegre, Tchau.

Soneto Inglês, n.º 37(Para minha irmã Laura Pires)

Pensando o mundo-Corno que a gente 'guenta:
Vida Avara mais vara de marmelêro,
A noite anda estrompando as quebradas,
mais  Vasta,  num fausto  de Mefistófele,

 espelhos: Onde as portas  fechadas
 derrancam todas as saídas de incêndio
num forrobó Diabolô: De empós caraça
em bafo quente dos Quintos,

não tem curimba que Chegue, nem pajelança
que desescreva a tara das Não-pessoas
cada vez mais guampando  piche  e petróleo
onde eram lápis de cor, Aquarelas____

nas Cinco Salas da gente uns arrupio de choro,
noiteira-Açu, Camará .





sábado, 1 de dezembro de 2012

Postal de um Outubro

Noite agora, por Tudo:
Em riba e em volta.

Satélite da Terra nem Chega,
é Novilúnio.

Noite entonces Cabinda,
braços que agarram tudo, 
as árvores homens gambás cachorros
casal de gays sob um poste nuzinho
de qualquer cheiro de lâmpada 

A noite é meio de outubro
2009 que só agora transcrevo:
Eu num guampério  distroncho,
vivendo de bater palma pra maluco dançar
num sezefrés neo-penteco
inda por cima fudido,
que nem o orfeu sérgio porto
ainda por encontrar, nesse tempo

Cidade: Joinville
Estado: Santa Catarina

O saldo: Um cadungó Desenredo
(Falando dos ex-patrões,
gente espertália pra Muito) .




Soneto Inglês, n.º 36("Hermético" - À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Um súbito rumor resvala Prólogo às carnes,
em corda vaga e nela a Noite
às orfandades mais Fala, escada Falsa,
 Gira  de tempestade já nas Portas.

A chuva que me Espaça faz delas tardes
um Credo, onde  escapes impensáveis
mais arfantes  Aparecem, súmula e Foz
do Invério onde em Revés a cor.

Pensei nuns sonos mais Fáceis,
que fossem rosto onde os prelúdios
estendessem Forças e no cais
fulgisse um som de sol Restante_____

Onde manhãs bem longe das Tardes
setembro  Inteiro pelos olhos Todos....


( Primeira versão deste soneto foi escrita na tarde de 20 de agosto de 2006, um domingo, no bairro de Olaria,
num bar perto do restaurante Rainha das Cinco Bocas. Fazia sol, mas antes das 16 horas o tempo
fechou e um temporal entrou de sola ali nas quebradas. Eu lembro que estava tomando uns chopes enquanto escrevia. Vale lembrar que este é  meu primeiro soneto "válido", e foi escrito sob um tremendo impacto causado pela leitura de uma antologia poética de Mário de Sá-Carneiro, um livrinho de bolso da Agir Editora  -  antologia coordenada pela Cleonice Berardinelli)

Soneto Inglês, n.º 35

Renasço da estrada Antiga
onde na velha estância
aguardo os magos chegarem
do longe mais Oriente

para adorarem o Hóspede
inda menino, brumária curva,
os mil  cantares do homem
nunca mais chão de Inocência 

nas pedras lá de Congonhas,
onde me espreito no Antônio
e seus cinzéis-Escribantos
pra de outra vez Recontança:

A estrada antiga onde  Tudo
foi nova história  Nascida.



Soneto Inglês, n.º 34

Num ponto do paço as Pedras,
sussurro de nuvens-Tantra:
Os séculos dentro do Espelho,
partido, como os verões Passados.

Casas   rangendo  histórias
onde um suspiro de Infância
inda escapança da Noite,
apenas pausa nos Cinzas:

Sânscritos  mais desescritos,
o mais de sol que restara
agora são noves-Fora ,
portas de novo Erradas

Nisto que presságio, e Pressa:
É  Vária a dor, e Avara a vida.


Soneto Inglês, n.º 33

Parte do que sinto  me Anoitece,
erê-bissau  mamulengo, enormidez
fedente a mais relógios Torcidos.
No rosto  a descrentura  mais  Crassa____

Rosácea  à véra? Ruíra,
e de araucária  partida
a chuva  gorda. Fez sol depois,
valência em Nada, que eu visse.

Alguém que acaso me Ouvisse?
Pudesse achegos, Talvez
mas no recinto onde a  treva
é posseira:  Conversa muita é besteira.

Parte do que sinto me Anoitece,
outono-Mar que me  leva....

Soneto Inglês, n.º 32

Decâmero  o coração
de mais razões num  Segundo:
Preparo um   Canto____  as marés,
filhas da lua .

Então que no terraço do mundo
a lampadosa do Encanto:
Formas dormindo, cubos verdes
no ventre de moças-Aves.

Os homens soltos  no espaço
andando toda a Memória
são muitas ruas, países,
depois talvez haja  Sono:

De mesmo um bom desenredo
nas antesalas do Tempo.

Soneto Inglês, n.º 31

Mar de outonos num céu
mais árvores decotadíssimas
pela tesoura dos homens, onde  Existo
outubro de marés Molências

e mais aguanças  minguadas,
curimba de marimbondo quando é fumaça
nos Córnos, quisera das primaveras
um tantra louco  onde as flores_____

Cantárcia de amaralinas mais ávidas,
oboessências-Manhãs. Mas as quimeras-Pernaltas:
A noite esperiamente mais  Vasta!
Sem reza que surtisse música.

Visto os outonos, Existo,
a chama esgalga em ladeirança  Abaixo.

Soneto Inglês, n.º 30

À beira do antimundo me debruço:
Pensando o mundo que talvez Seria
se os homens todos e seus curumins
andassem no chão dos pássaros

e fossem mesmo mais Aves
em vez de estátuas de engrenagem e terno,
gadanhentas de amianto e lágrima,
pluriinimigas da música

e de tudo que lembrasse árvore.
Mas crescem braços-minutos
no rumo onde mais homens sem Rosto
se perdem  no sem-retorno do Tempo.

À beira do antimundo um desespero Maduro:
arrulho-Cisne das  pessoas-Aves.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 29

O reino das Não-pessoas anda espreitando
em cada vez mais  Estância
nos corações outrora amantes do sol,
do sal do mar de Ipanema:

São anjos que perderam as  Asas
erguendo altares ao dólar
e dizimando as florestas com mão
de ferro, os olhos cheios de petróleo

onde eram lágrimas Antes, 
turumbamba armado em Bode e Cachaça
no ventre das Cinco Salas,
treva mais e mais  Rente_____

O ranço das Não-pessoas
é cada vez mais  Estância.

Soneto Inglês, n.º 28

Os gritos da ordem e da desordem
existem juntos como duas sementes
plantadas desde o Princípio
até que o mundo Termine

pela mão dos homens, num Descalabro
regido pela mão do Demônio
e seu coral de trombones
tocando a marcha n.666

num salambô que despedaça os Espaços,
onde outro dia mesmo
era o estandarte da Infância
a sacudir os sentidos______

?Mundo candongo absurdo
até quando  te sofrerei  Eu.

sábado, 24 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 27(Bonsucesso - RJ)

Na praça de Bonsucesso
todas as línguas do Mundo:
lembrando os homens-Pracinhas
que ainda Morrem na Itália:

A estátua de bronze lembra o sol-Cubo
tingido em tons rubro-Sangue,
quando os relógios do mundo
desembestaram seis anos

marcando o número cinco
nas Horas de toda  Carne, 
a toca do coelho branco indo parar
na boca enorme do Inferno_____

que aliás anda espreitando nas sombras
novo ingranzéu caba-Mundo.







sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 26

Mundo agonizante, teus anfiteatros do Abismo
são peso extremo nestes ombros Parcos.
Teus seios pernas  bandeiras: Girança de tubarão
num mar cheirando a Sargaços....

Manhãs guaçús solitárias vigem Cinzânamos
dos aguaçais os mais Ácidos, depois da última ceia -
quando o domínio das Não-pessoas
terá  portões  Destrancados

num permitido e Táurico dilúvio,
onde saraiva e Fogo trompetearão descarnanças
e a terça parte das árvores cairá gritando,
junto das últimas estrelas_____

Sobram no céu  três Águias,
desligam o botão da História.












Visões de São Mármaro, nº 6

O sexto anjo joga sua taça ao ar:
Num resta
nem de sobra prum doce
a Vida, enferrujada na Leopoldina,
onde esperança 
é longe como o diabo.

a deusa terra anda Curta
com tanto gás e petróleo,
a Noite, inda que imposta à Bangu
fugiu com os braços do sol
batendo a porta dos fundos

Ao longe  na treva um raio,
fósforo elétrico. Em Inhaúma o pessoal enterrado
no cemitério cava mais Fundo, aterrados que estão: Paúra
da segunda Morte.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Estruturança

Chuvada `a balde
que a tarde
amanha 
um fio
de cheiro
do mato  da Grajaú
embaixo na
Dias da Cruz, retrós
de antiga mata
nativa  um
dia....

Pensando 
à beça
que
chovo
um
tanto tam 
tantim tam
tim
tam
tim
bém____

ÁGUA     ÁGUA

                          AGUANÇ
                                 Á
                                   L
                                     I
                                      A
                                  U
                             H     V
                         C             A

                                                                N
  
                                             D
                                               
                                                                       O


Eu molho o chão das palavras
pensando  andor
do que Voe....

Malunguês(Soneto Inglês, n.º 25 - Para o amigo Paulo Maciel)

Eu bem queria, amigo, um céu de azuis Imensidades
que sorrise Sempre, e fosse paz Alcântara
aos teus olhos(como os meus, Tricoloríssimos
e Campeões pra sempre neste ano),

eu bem queria pra você meu chapa
a retidão mais reta em cada estrada torta
nas quais sei, desbundas-te em procelidões
as mais Terríveis, conforme a glosa antiga -

Mais se reza mais Entupimentos do outro mundo -
mas  neste hospício de soneto eu te arremesso
uns bons fuzarcos de entroncadas Forças, como aliás
assim devem fazer os que se querem Amigos_____

Em claro e bom dialeto Malunguês, pessoas-Aves
garimpam Água de beber nos corações Irmãos.






terça-feira, 20 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 24

Axé de empós  Zebedeu,
céuzão  grolô-Calcutá_____
Quizomba  aberta na mata
mais correnteza de Rio:

Teu corpo, nu-Marabá
depois do amor que foi Tudo,
tão de  melhor: Parênese
de encantação  Maçonária

Então  cabrungos oxóssis
fizeram cama em nossas várzeas
compridas, xerém de terras
sem-Fim, nunca mais sós, Iguaçús____

Céuzão sem fim que adormece
como se houvesse Amanhã.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mazelefrência(Soneto Inglês, n.º 23)

Eu vejo um mundo Caduco,
onde hominídeos estranhos
banzura de Esquisitância
e festa Bêsta de ossanha____

Vaiaram no Circo Voador
o Prometeu que lhes tocara  Fogo,
desnecessária a  lembrança:
Lá dentro  andam  faltando as Asas...

Jumência  que vai mais Longe:
A rosa que deu no asfalto
morreu nos anos faz - Muito,
gastura de nunca Mais_____

é Torta a reta de agora,
socorro meus Zabelês.







Soneto Inglês, n.º 22

Luz que no terraço do mundo
muda de Cor: Naquela cruz
um Deus troca de Essência,
saindo livre a ala das baianas

e demais caveiras: Latinas gregas
hebraicas. A bateria da Portela
navega o espaço do céu
junto do filho pródigo,

cantando novas Sementes:
 Formas que vão nascer
no ventre de moças-Aves,
grande aparato do Encanto_____

Tempo enfim  se Aposenta
das  lamparinas do  mundo.




domingo, 18 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 21

Kambonos-anjos nos atabaques,
desligaram o dia. Noite agora
por  Tudo. Dez tantos do melhor trigo
adormecendo  no campo,

esbórnia santa do Hóspede.
Mais tarde, treva Taluda,
mequetrefes mexem na terra
com dedo  torto: Bode que deu

foi Coisa: plantaram junto do trigo
uns jererês do Demônio,
história que deu na Porta
do ouvido de todo o mundo_____

Quando  acabália  for Tudo
quem foi "qual", se Verá.

sábado, 17 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 20

Faz frio faz chuva. Manhã
de facas flores  Celenças
e mais saltérios e estradas,
onde irecês Curimãs 

Meu passo à pé  jacarengo
nas ruas todas  paguás
dos  aguapés se agarrando
que nem preguiça nas árvores,

cinzária a cara do céu,
onde trovejam dez surdos
da bateria da Portela,
sentando o lenho aguaçalho_____

Marracachorra de chuva
nas cinco Salas da gente!

Morticinália(Para a amiga Lucinha)

Num circunlóquio ajuntúrico
onde mandar Manhattan pros Beleléus
é mais o mesmo que  Nada______
a gente  anda esfolando  os gadanhos
na  brita do não-se-Ver,
que  as almas,  todas Nenhumas,
se entendem  
de um jeito Não:

São  multitudes  peçonhas
groló de mais  Não-pessoas
por essas praças  esquinas....

Ninguém não Vê  seus espelhos
há muito estepes  roncolhos
engolir  tantra  das bandas  largas_____
jardináceos  andam  sem flor
depois das torres de petróleo
surfarem nos oceanos
e os céus  chorarem  lágrimas  ácidas.

Crocodilências mungubam
pelos bueiros roncós, paredes fogem  gritando
num paroSSismo em que os homens
já passaréu  dos  Infernos_____

visagens  morticinálias
dum futurama  Cabinda:

Vão  multitudes-Peçonhas,
groló de mais  Não-pessoas
por essas praças esquinas....

Soneto Inglês, n.º 19

Montar os ventos  em pêlo,
beber  o orvalho dos  pianos.
Destabocar-se de olhar
o que não  vige  Alcançável_____

a Paz espera  à mesa
do Hóspede, sê-lhe  conforto,
ombro  amigo. Come do pão,
bebe o vinho. Abraça  os homens

como se  pássaros  Fossem.
Lembra: Mamaste  peitos  de pedra
na busca  submarina
onde aprendeste  teu  Nome_____

embarcadouro  Preciso
para  o ofício  da Alma.

Onze de Novembro(Soneto Inglês, n.º 18)

Num tava prevista  a Festa,
e já que veio: Hecatombe!!
De ajuêlho e rezança
deu  Tricolor nas  Cabêça,

dispois dos noves  de Fora.
No céu fuzarca, ganzás
com os muitos onzes
que já vestiram o "Sacrário"

no  rola-bola  da História:
Marcos  Romeu  zé-Preguinho
Pinheiro  Telê  e Ademir,
seu  Nelson  de  mor-Maestro_____

as Graças  do João de Deus
sorriram  pro meu  Tricolor!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 17

Cortinas descerram cântaros
pelo planeta-Navio.
Noite estende lençóis,
desliga  a máquina do braço.

Anjos cubistas dançam
pelas esquinas do quarto,
encontro olhos e ouvidos
de terras há muito  Extintas.

No  subsolo dos mares
desvendo o avesso do céu:
Meninos preparam pipas
usando a linha do horizonte_____

Sou todos  os  Eus  dançando
a  Roda  ancestral  do  sono.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 16(Fluminense F.C.)

É tempo de Sarrabulho
na cidade dos homens:
Novembro deu nos asfaltos
reizado nas Laranjeiras,

deu Fluminense, de Novo.
No botequim do parnaso
Castilho chora de alívio
junto do grande Nelson

e do super Ézio,
mais moço  dos  anjos.
Aqui na Terra tem Bola,
como lembrou seu Buarque:

O rádio o vídeo o Planeta
contaram  o Tetra direito.


sábado, 10 de novembro de 2012

Nauseaglútino

Entonces:
diante de um mundo Incomunicável
ter esperança  é Fita,
charme-açú Brocoió,
malestandarte de otário

Deitado sobre o horizonte
espero o trem que me amasse,
mingau de sangue ordinário. Não tem roseira nem vela
que me desfaça esse  Asfalto
que trago no peito feito gerúndio vomitado a Metro
pelos call-centers
da cidadela  Intragável....

Entonces, tossontes, brontes
pigarrelhanças  de intentonárias 
mais caraças de Pirro:

Furdunço do capiroto
esse mundão de Escangalho.

Soneto Inglês, n.º 15

Depois que o Verbo Divino
guardar as vestes de Hóspede_____
a sinfonia dos Tempos
chega ao final da ladeira.

Um céu de medo e de zinco
recolhe dos horizontes
tons de rubro da tarde,
pifes rugem na sombra

seus últimos assobios.
Fechada a estátua da Infância
aos olhos do público 
o descatembre  é Final_____

cabeças de Josefs K.
entopem os fossos do  Abismo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 14

Arpoador. Tarde seis horas
meus caximbís-orixás
cambindam  pernas  pra Longe,
E  a gente veste  Dezembro....

Lonjura do asfalto quente
onde grolós de pessoas:
Amarfanhando nos carros
catatau dos Infernos

A  gente veste Dezembro
e o rubro-Fogo da tarde
agradecia  se mais olhos
pousassem no chão das aves_____

Menos  ferrões-Irecês
e mais erês-Passarinhos.







quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 13

No brazundó  Destabôco
o baticum  do oceano
a receber  meu  ossário
com braço de ferro em Brasa

Pássaros  caíram  do último Abraço 
luzes  fecharam  asas  para o verão. 
O céu, de sobretudo  cinza
afina  a banda de Ipanema

Minas de chumbo e cobre
vomitam mãos de crianças
enquanto as  águas  Encurtam,
caindo as máscaras  Todas______

Um coro de harpas de obuses
penteia os Rostos  do inferno.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Soneto Anoréxico(Coisança Lúdica, nº 6)

Banzo
Mor
Deste
Chão,

Samba
Sempre
No
Pé:

Car
na
val,

Sa
ra
vá.

Urubupungá

Sertão mais brabo. Butuca
assim pra riba dos couro -
distroncho murcho cambaio -
a gente não vendo nuvem
no céu, chumbeira por Tudo
em muita légua de Roda, agouro
rente, de Cima:

Esse  urubu  vem  Pungá
pra  riba mêrmo da gente______
só de butuca  esperando
a gente  arreie  os  parango
no chão da treva, sivirina
Mortalha.

Flavianá(Soneto Inglês, n.º 12 - Para Flávia Muniz, co-autora)

Puxa a linha do Equador,
amarra-a no coração:
__Ver se o novelo do mundo
não  desenrola....

Procura por sinos brancos
nas cidades de nuvens, 
garimpa  estrelas-Crianças ,
são teus  olhos de Jade....

Ensina outra vez: O tempo
não dança de ontem nem hoje,
só quem bebe esta  Água
garoará  de  Amanhãs_____

E  plantes  na eternidade
rio  imenso, de Sempres.

domingo, 4 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Tê(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 4)

Santa
Tê.
Que
Saudade:

As
Tardes
De 
Bonde___

Vão
vol
tar,

Bo
to
Fé.

Soneto Inglês, n.º 11(Para o amigo Paulo Maciel)

No corpo das avenidas
os homens lembram Babel
pelas esquinas, calçadas
ferventes em lítio e gás____

Entre dois goles de nuvem
beberiquemos Dilúvio
junto dos ternos cinzas,
máquinas sobre dois pés

Há muito não se ouve flauta
no prédio Menezes Côrtes 
mas harpas de mil cavalos,
fumaças, coros de Tosses____

Fechadas  as Cinco Salas
ninguém é  Um: Legião.

Leme(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 3)

Mar
Perto
Céu:
Lua

Na 
Areia,
Em
Pé_____

Não
pen
sar

A
noi
tar.

Laparão(Soneto Anoréxico. Coisança Lúdica, nº 2)

A
Lapa
Na
Sexta:

Ver
Baco
Na
Certa_____

Man
gua
çal!

Bo
ra
Já!!

Soneto Inglês, n.º 10

Um mundo, dois Amanhãs,
já não é mais  Carbonário.
Tempo fugiu como pôde
usando  a escada de incêndio_____

Céu de nuvens  em fogo
lambe  a carne das árvores,
rios  vomitam peixes,
iaras sacis borboletas:

Plantado  o trono da Besta
nas cinco Salas do homem
as cores morreram Todas,
sobrando  o sangue nos olhos_____

Um mundo, dois  Amanhãs.
Já  nunca mais  Carbonário.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Soneto Inglês, n.º 9

O horizonte  devolve o mundo
que  Vejo. Volta a galope
fugindo dos homens-Coisa,
de fuzis e granadas.

O mar perde suas folhas  Azuis:
Chegam seringas  gigantes
injetam óleo em seus braços,
sob o olhar do Demônio.

O sol deixou de Sorrir
junto da Virgem, do Hóspede_____
fugiram pelos meus olhos,
trancando a porta:

Enquanto  espadas  Espreitam
acima das últimas crianças.

Soneto Inglês, n.º 8(Para o Maurício Einhorn, no seu aniversário)

As quase-pessoas
diferem  Muito das pessoas-Aves.
Certamente inda respiram melhor
do que as Não-pessoas_______

estranha cruza de carne e sangue
com graxa e partes de ferro.
São os "técnicos", os "burocratas".
E se alimentam de gente.

Mas o perigo Maior
são mesmo as quase-pessoas,
com pele e voz de cordeiro.
E  quase  parecem Gente.

Diferem Muito das pessoas-Aves.
Que somos eu, você, mais alguns.

Futurama(no espírito do dia: 02/11....)

Quando o mundo se cansar de  Mim
devolverei meus olhos e ouvidos
no sem-Fim do Espaço, no guichê próprio:
Depois de encher formulários
e assistir  meu enterro, de novo.

No mesmo guichê receberei  três pedras
do anjo que ali boceja______
já fez entrar (entre tantos) a Princesa Isabel
e Anne Frank, com a irmã Margot

depois me dirá "cada pedra representa um mês", -
e prossegue - "vai ter de explicar à Virgem
porque depois de três meses
ninguém lá embaixo anda sentindo sua falta"

(Já sei que treze milênios
me esperam no Purgatório).

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Amanhã(Soneto Inglês, n.º 7)

Cinco mil anos após
o sacrifício do Hóspede.
Na maioria das cidades
madeira é matéria Morta______

as árvores são de concreto,
seus galhos escarros de ferro
que um dia dormiram  fundo
em  Morro Velho, Geraes.

Os  homens são partes montadas
em granito e chumbo,
andam em  cavalos atômicos,
não chamam a ninguém  de amigo.

E, sobre todas as mortes 
desaprenderam a palavra "música".

A Casa Verde

Quando criança, fui Pássaro.
Durante anos o sol se pôs nesta Esfera
e eu esperei de meus semelhantes  -
pequena gênese de górgonas Futuras  -
que fossem pássaros
como eu também me Voava.

Depois
foi tempo dos homens
temerem os dentes do Átomo, e em nome dele
fazerem  Sofrer outros  homens  -
fossem vermelhos ou azuis  -
ninguém não vendo o que se escrevera no Livro Antigo
sobre a árvore do Sangue,
e girassóis e pianos
também choraram de Sede
nas matas de Moçambique______

Partiu-se o Espelho dos homens
ninguém procura seu  Rosto
no semelhante  Caído, mas levam dentro dos olhos
abismos de Fins, Silêncios______

O choro do filho pródigo
confirma a Voz das três águias
e o desespero dos anjos
às tontas pelo meio do céu:

À mesa das Bodas
cabia muito mais gente
que o Hóspede com um  sorriso
envolveria num abraço Elétrico.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Finô....

Pois bom....
Cabou que era Krishnanda má
os quatro olhos que eu vi
'garrando fogo pra riba de Jararaca
num tendo "valha Nossa Sinhora"
que reverteja o Chanfalho
dispois  de ebó Pai do Mato
bater martelo e carranca....

Cabou xerém que era Doce
desse evaneio Imbecil, caô num teve
nem prum café mais "Rápa"
sobrando pro mau malungo('sse aqui mêrmo, Choréu )
o esbregue do ajunte dos cacos:

Porrada toda pra corno
ind'é  cangalha da Frôxa
pau nele juda mardirito escroto
que é pra aprendê seu lugar
nessa pocilga-Circo 
que esmaga em riba de Mim
o carma  esquerdo, Mardito_______

Toda semana
é sempre Quarta nos sete dias
daquelas cinzas bem Roucas
e como disse um dos (poucos) amigos
(prenda mais frágil  e Parca):

"___Em hipótese  Alguma
serão aceitas devoluções." 
Paulão meu rei,
cê tá Certo.





Irmã de Sopro(Para minha irmã Débora Nascimento)

Porque te amo, irmãzinha
sei dizer Não.

Precisava
marajanguava de Sapiência
uns arrepês de sorbonne
e perigava ter que dizer
que nem socrácio malenrustido
porém Demais na interança
da própria Crassa burrice:

___ Porquê te amo irmãzinha,
saber direito
sei Não.

Talvez
seja fatura de carma
uns jabregâncio' de passadas vidas
talvez seja um coscós
de arrulho credo Deus Padre
mais cabrelês de Xangô, talvez
a zona Norte que nos pariu tu e eu
talvez....

Talvez
seja o cascalho bagulho 
da mesma Pedra onde rancamos o pão
com sangue choro e raivência,
será?.... Saber dizer
num sei  não, mas Sei
dizer que amo tu
(imbora aos tranco', burraldo),
irmã de mor mais Querência

Talvez que nem mesmo seja
o som do tal do Fagote
que a gente É
(xodó dos anjos segundo  viu
Jaime Ovalle
nos seus cabraques de breja),
talvez que nem mesmo ele
valide explicância
"prêsse" xodó 
que em nós mandinga é pra Muito
e vão  pralém de mais Vida

Só sei que sei  Dessaber
o tal dos noves porquês
de cientismo, de estuques
e mais de blás quás quás quás______

Pra  vida agora e pra morte
eu grito em tudo que é tom
quartitom, multitom

Te amo e muito,  irmãzinha !!!
Talvez porquê, o  saibam Deus, o Cramulha
anjos Virgem Xangô.
Eu -  que não passo de Espirro
de jequié de tatu_______
só digo, humilde, mas Louco
o catecismo adirônzio:

Porque te amo Irmãzinha
te juro em mar  Poxoréu: Saber direito
sei Não. Mas te amo, e muito.
Assim Mêrmo.


Quadrinha, n° 2

Sopeso enxó de Infalência
a gente esbarra nas calçadas esquinas
que marunvigem diabança a quatro

Cabou de novo eleição
bora fazer de conta:
Uns tantos dois três quatranos
quem vai lembrar do mardito
do cabra pra vereadô
que a gente pôs nos palácio????

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Catende

Cinzalha  bem-vinda,  à Beça:
Sobre Catende no céu por Tudo
azul-da-Morte escafede,
a gente ouve  trombones  
cantando  chuva ali Rente:

Manguaça de aguança a esparramar chão Molhado
 onde  esturriques  banzaram Craca
 por tempo demais da conta

A Graça é dele seu Ciço,
meu bom Padim_____
que andou pedindo pra Virgem
botasse os olhos de Mãe 
no povo que  andou de Muito
dotô de mor-Disgracença....






domingo, 28 de outubro de 2012

Bulgária(Ao amigo Augusto Guimaraens Cavalcanti)

Passando
sobre as rabugens do Tempo
e dos trombones que as nuvens
mandinguem na traquinagem:

Viscondeamóspirajando
a gente saca das mangas
uns lautréamont de bulgárias,
bulgárias, bulgárias Muitas
que façam Bulgária-Só
como era desde o Princípio
antes até do Fla X Flu e do Nada....

Onde carvalhos pelo campo Aberto
sejam caraças de assomado Apronto
pruns batuquês merecidos
regados em pinga e breja,
que ele, Carvalho Campos
merece bem Fuzuê
escrito com sete letras
e tintas vivas de Sangue.


Evocação do Recife(À Memória de minha Mãe)

Manhã por Si, porque
mais guapa de Sol 
no bairro de Santo Amaro, 
 eram trolós de infância
ali mais linda em janeiro

Depois jacis, macaxêras
jaboticaba e jambão nos fundos da casa Antiga,
velha de ter assistido Manuel Bandeira
brincando de coelho-Sai, casa
da tia-avó Professora
que foi mãe-Grande da minha....

A gente em só  Cabrobrices
brincando de esconder na antiga casa de telhas
(sargento Julião que ajudava,
não via o mais que Podia....)

ninguém ali não pensava
no general-Cavalo que andava em Brasília
cagando Redondo, no barbicucho maluco
que andava pondo fogo em São Paulo
(e que meu tio-avô queria muito
ver  lhe  "rancarem o couro no xilindró")

ninguém falava Anistia(e que pra mim era nome de comprimido)
nem discutia o Feijão, e a gente,  menino-Tanto
cabriolava no parque da Treze de Maio,
minha mãe-Bonita ali junto, Siva, a escudeira
também

de noite era Bandeira de novo
na boca da tia-avó 
lembrando o Capiberibe
de "sustenido e bemol", na mesma boca, dois nomes:
"CapibAribe",  e se ria.... e a gente brincava mesmo
de contar vagalume
antes que o sono soprasse.....

a gente bem sim, queria
um sono leve ligeiro
que desaguasse  em manhã 
mais guapa, de Novamentes....



Guajaramim

Manhã no império
dos sensoramas diluviários e mais varais
onde os relógios Dependurados  refletem
um sol Violeta, as avenidas despencam
no espaço de meus ouvidos, mais longe a Serra dos Martírios
cabendo toda nos bolsos
dos querubins, apóstolos não se decidem:
Subir ou não o carnembê dizimário....

Ausente há muito de Antares
meus olhos, doentes de  Mundo
não mais esperam retorno à transparência dos curumins
o festeréu dos erês também caiu das janelas
no alto da  Central do Brasil, desanoiterças
de  bebedeira onde elas todas, as  Brejas,
acoitam meus Zabelês 
num catifundo muquifo_______

deixando  abraços e salameques
dependurados junto dos relógios....

Elegia(À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Luar
sobre interâncias de Foi,
pontes sem fim de Abísmicas, paúra
de me saber Desespelhos
onde os aléns Partidos.... de Tenebruras
confins à salas Vazias como em Laguna
a retirada Triste....

Heráldico de Mim
sou  fervuras de bronzes-Ânsia,
viramãs  longitudes, as náuseas
descalçam Verbos de meus arrestos de Fuga,
 portões sobre  os  congás-Crepúsculos....
tão mais de Ferro!

Serraxo

Na trempe da Grajaú, levando os lábios Inúteis
pro quarto em Jacarepaguá.
Por sobre a serra os trombones,
 temporal Macanudo
lambendo a carne  das árvores.
Assim mesmo  três rocinantes
comem do morro próximo, gramácia
com molho d´água.

Ventaço assim laterálio
fungando arrêsto na van,
o motorista diz qualquer blague sobre São Pedro
que não tem graça Nenhuma, a gente reza
pelas pastilhas de freio, lá fora a bateria da Portela
se junta à trombonada maciça
o turumbamba completo acochambrando a moçada
num medo só,  tirante eu,
chicabrunco:

Lhes digo o porquê, rapazes
o cabra aqui desde Sempre
sambança de  rombo-Só 
trinta e seis tantos de arrulho
lábios Inúteis, sancho-Arremedo
voltando Seco pro quarto
que Nunca não viu mulher. Talvez mió
 a Breca.






 


 

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Maruê

Dizer desse esperanto Bruto
irmão do inverso da Cinza,
e que guardo no peito:
Andorinhanças, malabarices
dum marginálio Imagista
que se recusa a dar as costas ao Sonho,
inda que tarde a Manhã, e os automóveis
rujam nos pesadelos seus palantins
do Demônio

Espero o canto da trombeta
quando aguaçais passarão
lavando as partes de baixo
dos filhos dos homens, e o estandarte do Hóspede
aparecer de uma a outra ponta do céu_______

Serafins recolherão meus ouvidos,
meus olhos, não Serei mais
e novos sons de pianos arrulharão
nas planícies da Terra
nascida Nova, do sopro dos Três Primeiros.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mumburama

Minha praça tem palmeiras
desidratadas malsãs
onde gatões vagabundos
enxotam os últimos pássaros,
depois que os gases de São Paulo
mataram todos os outros

também tem gente na praça
manguaça  à vera, pinguça
A Virgem chora de Triste,
o mundo a carne o Cramulha
contam delúbios nos dedos
enquanto uns outros morrentes
descem ladeira, direção dos Quintos:

Um tudo foz-Mumburama
e os homens errando a porta
que vai pra Maracangalha.....



Cantiga

Nuvens claras nos olhos,
 tarde Esparsa, malunga:
Se  espalhe o Rubro
em pátinas mais Infinitas
sobre naus  Quirinãs, inteiro um Mar
 pelas janelas-Alma, aquele sol
mais farto, de Infinitamentes ....


E lá meus cimos de Norte
lá mais gêneses-Rios,
vinhas,  báculos-Sonho_____

Meu verso Avesso refaça
o chão dos pássaros.
Sempre.




Quadrinha

Na minha terra tem dança
tem cabrolós, macaxêra
cambinda, pemba Aruanda
e mais açús Sabiás

Na minha terra tem mares
areias morros amores
carnália nos fevereiros:
sambança à beça nas coxas_______

Na minha terra tão vasta
tão verde alegre festuda
só falta "mêrmo" uns roncós
de vergonhança em Brasília....

Fim de Noite

Era uma vez Caio Amaro
que amando se Desmontara:
No mesmo bar Vinte de Novembro
do morredor João Gostoso
dançou bebeu gargalhou
e vai, depois se jogou
do Vão Central pras cucuias

Deixou com o chofer do táxi
um envelope fechado
com cinco notas de cem
mais um bilhete e o anel
do casamento desfeito

Jornais deram depois:
Que os policiais da viatura inda tentaram extorquir
o taxista assustado_______

A sociedade mais uma vez achou uma barbaridade
e foi dormir.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Araxando

As três mulheres do sabonete
são doze estátuas
vestidas de musgo Antigo
nos quatro braços
do rio Primeiro

Na serra da Mantiqueira
abri clareira matunga
vi lá embaixo as portas da cidade
abertas
para a Estrela da Tarde

um cheiro muiraquitã
e as índias ocidentais, seus oceanos
onde foi Verbo o Demônio,
e todo o Tempo deu cinco horas_______

Levanto de minha sede e fome
são pontes de jade os meu olhos,
tão Parecis, 
na página aberta sobre relâmpagos,
irmãos da chuva
mais Nínive.

domingo, 21 de outubro de 2012

Antífona do Arco, n. 3

As ruas acesas
pelo  Mar na janela:
Mulheres  nuas na  avenida chile,
infâncias  despenteadas
de  Narizinho  e Visconde.

Na fonte  da  música
não mais a concha das  manhãs
abrindo  portas  aos  Mundos:

Aves  elétricas levaram  o Hóspede
pra  longe  do coração  dos homens.

Vejo  o sumiço do Tempo
em monumentos de plástico,
estou  preso  a meu corpo,
fardo de barro e carvão_______

A tempestade aparece,
sacode os ombros, sorri:

Ai dos friburgos  e  bumbas
sozinhos  sobre  o horizonte
sem trevos  de quatro folhas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Visões de São Mármaro, nº 5

E te apresento a água, que Narciso
chamou de Espelho, e por ele
marcharam séculos.

Te olharás como se nunca Antes,
antes do Arrebatamento
que acenderá os candelabros
do Fim______

e que voltemos, tu e eu
do pó onde dormimos o Sono

Chuvas cantem de novo sobre as montanhas
precedidas por trovões arautos,
minotauros  velozes.

Assim retorne o pássaro, o cântaro,
a estátua de pedra
para dentro do poeta futuro
ainda no velocípede

Como ao princípio
eram os primeiros  Três
falando  Tarde e Manhã
antes do espaço e do tempo,
das trompas do clarão  Primeiro.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mensáleis

Pontaço de batmacumba________
essa pancrácia da safada trupe
banzando solta
sobre a nação desarmada:
Grana pública indo parar no esfíncter
dos mensaleiros da pátria,
história velha(pra alguns):

Vem desde lá  dos Antanhos,
das caravelas, Derramas,
passando pelos barões do império
até os tucanos de terno
e alguns torneiros
de São Bernardo do Campo....

Fazendo contas
dá  quinhentos anos
mais uns delúbios de troco_______

o tempo se encarregando
de trocar as Matilhas....

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Andaime, n.1

Caos de urim-Cascalho
em céu de Outubro sem brigadeiro:
Meus zabelês não mais os portos de Lisboa,
o passaredo se espanta, assiste reizados
das últimas caravelas.....

A tempestade açambarca
os mortos das  doze Tróias,
inclusa a Cruz
onde me Cáucaso.

No abaeté  chega a noite
 banzando um tango argentino,
 onde  leões sem Juba saltam da Página
gris  de ossanha Achureio: 
 Mundo anda matando orixás,
homens indo pro Beleléu
depois.

domingo, 30 de setembro de 2012

Gares(ou "Filé à Oswald")

INFÂNCIA

O Méier
As rolimãs
O picapau amarelo
No Sarriá, chororô


ADOLESCÊNCIA

Aquele amor....
foi  NUNCA.


MATURIDADE 

O fagote
O verso, Avesso
20.000 ceps funâmbulos 



sábado, 29 de setembro de 2012

Poslúdio

Mundo, por tuas praças  retintas passam mercês
vestidas em quarta-feira,
seguindo  gosto de Luto
após a morte das flores.

Desandam pontes  sobre  céus
já saturados pelos edifícios,
segue apagada  a lamparina do Encanto
nos anjos  mortos desde  o grande Crepúsculo
já tênue  nos baroléus  da Memória,
onde repousa  Emaús
em velha estrada  emboaba.

Coelhos dançam num sânscrito
teu calabouço  de cinco taças, Mundo,
Caronte  espreita por trás
de espelhos presos  nos olhos,
e nunca mais  os túneis
darão canções  da Manhã
para as milhares de sombras
despidas de mares, Intermináveis
um dia.

Três  águias  recolhem  os homens
de sobre as horas  Restantes_______
a Virgem Branca  apaga  as últimas  árvores,
entre o silêncio dos telefones.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nevoências(À memória de Mário de Sá-Carneiro. Para Gabriela)

Esboço de sol, Longínquo
esbarra nas janelas
dum todo-Outono  agora em  Cerne
de  Mim, folhagem
órfã de  árvores  Extintas....

Onde choveu pela  noite
assim será de manhã_______
nas avenidas  um destrambelho
de um tráfego  formado  pelo sangue
dos Santos, onde  no céu
perdeu-se  a estrela  de  me  Encontrar....

São  mais  esteves-sem-metafísica
as cabeças  decotadas  de seus  Jardins,
andando  em roupas  de mármore
por sobre  pedras
onde  um grito: Silêncio.

Cidade dos Homens(Para o amigo Erick Moraes)

Cidade dos homens:
O calendário  vestido
em quarta-feira  e  Cinzalha.

As avenidas  fumam petróleo enlatado,
pescoços braços e pernas  batem  cabeça
num trânsito  regido
pelo dragão da maldade.

Quando anoitece
várias  estrelas  faltam ao trabalho
(vento sopra uns trombones de chuva Próxima)

e os trens  retornam para os  subúrbios
levando  quem  não se acaba de  Morrer.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

República(Poeminha-Piada, e dedicado ao amigo Luis Turiba)

Seu  Dodorão  marechal
era talvez o cara mais  império
de la  paróquia(pelo menos assim rezava
a cartilha  do Barão da Taquara,
na terra dos  Jacarés).

Pois  Dororão  marechal
juntou  carnês cabedais
mangou dos laços  mais  fundos
e dos tratados  de compadrício:

Correu  com a  laia  azulada
dos  palacetes  reais
sentando  pau  nos cabraques
armando  cama  e Furdunço
pros  outros  mais marechais

Do  imperadô depois  do  sossôbro
num sobrou  isca  de barba______

A história  entrando  no pé  do pinto
levando  junto  a maravalha toda.  

domingo, 2 de setembro de 2012

Aruandá

Omada-yá.
Cabeleirices de Belesfaura
a se esfumar no poente
pós  um crepúsculo no Alemão,
onde as crianças  Dormem pela primeira vez
em cento e vinte anos de república.

Adiante  no Vidigal:
Um vaso rosa  Aparece  no muro mais alto,
ainda  à espera
dos  girassóis  de  Setembro. Pelas  vielas
a gira das assembléias  -
Omada-yá  - pretos velhos sacodem  pombas
à espera  da moça  de guarda-chuva
andando entre as palmeiras  do Império
a bolsa  azul  trazendo  estrelas  filhotes 

futura  estrada  onde  os  cavalos  do  Hóspede_____
  exércitos  pro  fim do  mundo:

Omada-yás  obladás
de enfim bandós  de Aruanda.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ábaco(In Veteris Forma - À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Às  vagas  do  não  conter-Me_______
Imensas, fartas, tão  Diluviais______
Avulta  agora  um lembrar
de quanto  pode  em seus  arnês-Deserto
a lua  Negra e seus  dragões
subsequentes.....

Erguer-se  a brisa  sem  tugirem  folhas.....
Pairar de abelhas  onde NÃO as flores.....
E tudo  em roda  a primavera  Finda
como se o ferro  dessas nuvens  grossas
assim  Fosse  desque  Mundo  o mundo.....

Assim  meus  passos  num  caracolejo,
de orixás descalços de benguês, Monções

Eu  não sou  nem  fui, nem  me Serei_____
pelo  contrário_____imenso  mar
de malefício  Vário
ancora agora  em  noitescências  Maiúsculas,
um cio  de "Sempre"
a se mexer  nas sombras Infindáveis....

sábado, 4 de agosto de 2012

Macambira

Paúra de me saber  Desespelhos
nessa interface  de hospitais  da Posse______ 
 Mãos  trançadas  em pó,
escadarias de castelos  Extintos,
as cortinas a escorrerem sangue  pelos degraus
enquanto um Cinza lá fora é mais Cartago
sob as sandálias de Mário, onde o Escambau
dos lábios  murchos de Hora,
mais  crepúsculos-Ferro.....

Um anjo percorre o céu,
trombetas falam de cimento e lágrima,
demônios grandes  se escondem
por trás de nuvens de bronze,
os torreões de petróleo
banzando um rancharéu dos  Infernos.....

Balaio  bão  balalão
rogai por nós  Mequetrefes
agora e em nossos  asfaltos,
amarra assim  Barregã
dum todo corpo  Morrente.....

Mulher

A última estrela
foge do céu, merecido  sono
à espera. A eternidade
abre teus olhos  escuros,
retornas de Aldebaran, despertas.

Manhã  jorra sobre o teu leito
primeiros  pássaros, Oboés.
Aos  poucos o sol  espreguiça  os  braços
pelo  teu  quarto.

Recebe  meu pasmo e bom-dia, mulher
desde  onde  tapetes  submarinos
fabricam  nuvens  aos  céus  antigos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Kodáquirim(Ao amigo Luis Turiba)

Pensão burguesa em Jacarepaguá.
No jardinzinho as espreguiçadeiras
com gente derretendo em cima,
como os relógios  do catalão  Birutê
aliás ali na parede,
corredor de entrada.

As flores  fucham  remurcham
conforme os dias-estirões sem chuva
(São Pedro anda esquecido
de abrir o registro). O velho que traz o leite
é o mesmo cara
que foi um dia  o  moço do leite.

A estrada  velha
(a mesma  dos  condôs  de tropa)
hoje  tem nome de mário
e nela as pernas  brancas nêgas amarelas
surfaram bonde nuns anos  cármicos
pra  mais de Metro, no tempo
do retrato  do Velho.

Hoje  bonde  num  Tem,
num tem mais choro  nem vela,
Getúlio em pose  não mais
que o samba é só  Rabichança
pelo operário  sem-dedo
e o novo tanto de gente
dum tempo agora  Malungo.

Mas
a pensão   Continua,
solene  velhusca  Viva
no arrastapé da procissão  Carioca. Querendo,
te levo  lá.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Estudo em forma de Sono, n° 2(À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Nem tudo lance de Incenso, arsênico
por vezes  franjado  Esquerdo,
as madrugadas de chuva, e  eu era
o próprio  lado  Meu,
mas  Insurgente.

Assim
como um chofer de autorama
meus erexins rabiscavando   Mundícios
onde a mata  nativa andara um  Dia,
e que hoje  as máquinas  do céu
apontam  o dedo_______

Um quase  tom de Sol abandonado  às  Nuvens,
agora  aos  mais  Outonos
no retrovisor.

sábado, 28 de julho de 2012

Poema sobre os Muros do Século

E são
carnésias, Espaços
estrada em que folgadamente
uns atabaques de Outubro
andam  dez  pássaros na direção
onde o  Capão  do Bispo sobre o morrote
destila escravos que   morrem
Nunca,
embora a  Voz do Brasil
siga o discurso do rei
contrário a toda Memória,
porque   Paris  valia mesmo  dez missas,
e eram razões de Estado_________

Que  te fiz  Eu, meu povo
que te fiz  Eu
que deste modo contra  Mim te rebelas
danificando  as flores, o azeite e o vinho
como  hoje  se Vê
nos corredores do hospital da Posse.....

E o dragão se pôs em pé
sobre as areias de Ipanema,
os olhos percorrem   África_______
ali  mesmo,
nos genes  mortos desde antes da fundação  do  Mundo
ainda assim  nas redes de vôlei,
nas curvas  plenas de sexo,
demônios  verdes  Depois
levando todos
prum beleléu dos  infernos_________

Geraldo  Erê  Viramundo
capítulo  três verso  doze
falava desde  Ouro  Preto
sobre estas  cascas  de gente
andando  sem Óleo nas lamparinas
sem  visgo d'Alma  nos olhos
vendendo  as mães, as irmãs
sob ramadas  Castanhas,
o  Tempo não dando conta
de fuga  à frente  do Inverno______

trens  retornam  vazios
desde o ramal de Treblinka,
gramachos  secos   Morrentes
e se acabando  os braços  outrora  fortes
bem antes  do tempo  da velhice.

Meu povo  que te fiz  Eu
que te fiz  Eu meu povo meu povo
meu povo que te  Fiz
Eu.

Esboço num Ladrilhó

Os abricós  baticuns:
Transbordo  ilê butiquim
peraus serões de mais séculos
em voz passada a tamborins
e Serpentes... ainda as árvores de Maio,
primaveras em Praga
e a voz do Leste onde dez mães sentavam
à beira d'água imaginando Nuvens,
 calças de filhos de bronze
entre as agulhas nas mãos gigantes.....




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Imagem, n° 2

Prum largo longe
em facas flores 'celenças
que mais Irídio em mais Força,
saltérios pontes estradas
andando pelas Memórias
que morrem Nunca....

Na gira das Reticências
as caras do São Francisco:
Um  domingo de
candongas moças, dum Tanto 
em flor Replantada_______

que ainda se vidro e corte
preciso a Vida 
num tranco em Chave
e Tamanho... mais tamborins mais espaço
onde mais árvores-Inás
de Tudo...


Rua da Relação,1938(Estudo em moda brincante)

Bacoro de Pirilango
de então Cangalha  seu moço
estado novo à la Carte,
baiana -- se roda toda,  a treva
no comecinho ......

juêlho no mio quente
judia pras Alemâncias,
 a  prensa presa mordida 
banido todo Bulício_______

Getúlio de estado novo o Relho
velho por Tudo, bacoro
 mal Pirilango: trevura  Adulta
pelos cangotes.....

Imagem n.1(Rua Cachambi)

Faz frio fez chuva. De dia
era ver noite no céu rombudo escuro igual
futuro de pobre. Ninguém prum café na rua,
que chuva inclusive
sumiu com ele Biguá, cachorro-Mestre mascote
da Cachambi_____bicho de rua nenhum
de mais estrela que Esse: São 32 os donos,
fora  os compadres......

Faz  frio frio fez chuva
o dia inteiro a começar
desdontem.... no céu rombudo futunço e tudo
um cinza de cinza só......

Marracachorra de chuva
ali banzante, desdontem.

sábado, 21 de julho de 2012

Esboço de paisagem(Pro amigo Daniel Ribas)

Atrás em meu pensamento
o Semeador de Esferas,
chamado Triúno,
gênese das nebulosas
e dos  cantares  do Fogo,
trânsito entre o sono e a arquitetura,
entre os jardins e a Pedra. Também plangendo na cena
de minhas retinas malucas
 os elefantes Pernaltas
e Antônio Bento meu santo(marracachorro que só), vestindo apenas
um mor-Cruzeiro de pau____

marcando chuvas sobre as roseiras
onde é  plantado o meio-dia, e mais relógios derretem
nas cercas desse Mundéu.


Poema em Cinza

Inás  não mais
uns olhos que Fui......
meus esperantos de outrora
andam 'garrando cinzalha,
a Mantiqueira  desfeita em Pó
nas estruturas que restam.....

É certo, meus Eus
vão longe dos Aguaçais
pelos jardins de Outubro,
inda esgarçando meus lábios
inúteis Secos jacintos
num quarto amargo
que nunca não viu mulher.....

Desconchavado este nêgo
levando os bagos Inúteis
prum quarto cor de Cinzalha.....


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Estudo

Maracangalha, praça  principal.
Manhã sacode a soneira assim
num quê mamulengo,
portas num chamegô
prum sol caiado  de vermelho e frio

A madrugada sumiu 
pra junto do Enxú do Mato,
e das quireras, sacis
mais poxoréus com tudo quanto é de-Medo,
voltam depois, Certezura.

Defronte à praça um buteco,
acaba mesmo de abrir
à espera dos velhos de liforme branco, 
chamando pro bucho o desjejum
manjado: Linguiça frita mais uca,
as marteladas nunca menos que dez

banzando à solta apareceu Biguá,
cachorro  da rua,
e que tem 32 donos: Balança um rabo sem pêlo
e some na ladeira  da esquina,
adonde aponta o turco mascate,
os velhos de olho
nas quinquineras trazidas,
embora os preços sejam de um tipo
que chama rusga e tabefe

Depois depois o banzé
da gente solta nas ruas,
passando à pressa a praça agora animada,
mulheres homens mundéus
desse  carrôço de boi
de mais um dia nheim-nheinhando
essa  VIDA...





segunda-feira, 25 de junho de 2012

Margêo!(Pro Ricardo Chacal, e para todos os poetas da "Geração Marginal", dos anos 1970. À memória de Torquato Neto)

Imaginando capetas, quampérius
e todo um novo  Horizonte num tempo de generais
e gente sumindo na Barão de Mesquita____
Você, desde a  Gávea em 1970
 fumburundança  de acordes
traçado: Londres - gandaia - praia - palavra - Pulo____

Vambora essa reta  Torta!!!

Você, como outros  dessa Navilouca
transaram  Fala e Palavra
num tempo de sangue  e  Cale-se
e  por  se chamarem  moços: Estrada
em rés-Ventania____
ligaram  o  Foda-se  ao Máximo 

Hoje  uns doutores
da  Ilha  e  da avenida  wilson(Uns dois ou três -
de torque e talo - Nenhum )
chamam  vocês  de  margeiros,
descartadiços, passáveis, lixografentes,
fáceis. 

 - Porra Nenhuma!

Cegos  são  eles.
E  passarão, Certezura.

Vocês, erês-Passarinhos
'manhecerão  novas  Margens,
quampérios, doidos. Capetas.  Bangalafuma  pra Riba.
E  presidindo  a Pauleira.


(Pro  Ricardo  Chacal. E  pro  Torquato Neto, Charles Peixoto,
Cacaso, Ana Cristina César, Waly Salomão, Paulo Leminski, Alice Ruiz,
Chico Alvim, Tavinho Paes, Luis Turiba, Ronaldo Bastos. Todas  as Margens. Escrito  sob o impacto
causado pela peça "Uma História  à Margem", onde Chacal conta e canta um pouco
da trajetória, dele e do pessoal.Todo o pessoal:  manda descer, pra ver filhos de Gandhi.)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Madrugada

Madrugada... sem sono
pelos grotões  da terra humana,
após rodagens  nos canjiraus sem  flor
da caça da própria Essência....

Então zircotes cafés
drapezinas de milho rúim
e que se manja assim mesmo,
boiança dos derradeiros
dos trancos Ijuremás

e a seguir  trombetança
dos anjos  todos -  arrulho  Ilê
contra os folhais  trezemente
dos lamaçais  em Brasília....



quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cajuês

Talqualmente essas  preguiças pesadas
do centro de Piraí
o furdunçó  do sombrálio
sobre o folhedo ali da praça da república:
Manhã marulha de azul nos olhos da gente
desembolôs   Cajuês
dum  sol  graúdo  amarelo
nos socavões da presidente  vargas....

Nas  Casas Pedro  agora uns olhos da China!
Mas o bulício anda  mormaço
ainda em tons  das  arábias_______
Saara-Hagar
resistinindo   horizontes
de velhas asas
sem  Fecho.

Mas eu mas eu  cantarilho
em furdunçós-Cajuês:
Vestindo angola e alecrim
banzando  ebós contra os  bordões_______
tristuras más, catingôs....

Manhã marulha  de azul
sob um sol gordo amarelo:
 Tarde evém   devagar 
trazendo os rubros  dos prelúdios  noitescentes....



terça-feira, 5 de junho de 2012

Visões de São Mármaro, nº 4(Para minha irmã Laura Pires)

Num tempo
onde Itabira era um planeta enorme
os homens,  fazendeiros do Ar
não tinham prata nem ouro
mas trinta violas nos bolsos
e o mundo de janela aberta
se armava em pássaro e flor
contra os demônios do asfalto:
Pancrácia a louca e demente
inda não era rainha
de espanhas tenebriscentes

Serafins raptavam larápios
de paletós furta-cor
a Itararé inda era ponto de paca
e a Estátua era um menino moreno
brincando no corcovado entre os doutores

nos  japerês pé-de-serra
magunços dançavam roda num  terreiro benzido
(a  praça onze,  onde passara o cometa)
e o samba todo apareceu prum mundo
morrente nas trincheiranças

Mas veio depois um  mal tempo anoitecendo  Tudo,
varrendo as  almas num Grito:
Era Itabira  dormindo  em pedra e parede,
descatembrada dos jardins e Outonos,
num tempo mor de absurdos onde crianças
chamam petróleo de Mãe sob os olhares de babás atômicas
e ternos caros carregam pelas coleiras
restos de homens na avenida rio branco

 No entanto lá dos subúrbios inda resiste Esperanto____
Os pretos do Capão do Bispo no Cachambi
berrando ebós capoeiras
e Vassuncristos  no espaço:
sopro de mel-Cambaça ,
um tudo-Azul vagalhança
furdunço de  gira em roda
Nova, outra vez.



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Rodopianças

Faltança  d'água
nos cinco esboços da Gente 
em  riba lá  da  Bahia
aguinha besta que não se Chega,
que chuva é essa de só  três  vinténs,  meu Padim??  E o povo ali Jequié
 debaixo de um relho Enorme....

Mas seja   Imbira  ou São João das Mortes
ou Nova Iguaçu
há sempre Ausência mandando forno e cinzalha,
sempre uns bichos catando a vida nos pátios,
e a gente "meu Deus, e era um homem..."
sempre depois
do brejo inteiro andando em botas de chumbo....

Livros  não falam  quase
das guilhotinas da Noite
o braço do Blaise Cendrars procura um rosto
nas quintas de São  Cristóvão_____
 os cinco esboços da gente
dançaram nus, caindo na  bola sete
 um chope ali no entroncamento em Triagem,
onde os chapims Zabelês
falam das  notas de um samba
e inda se escutam batuques
cabaças giras lonjás:

Irapanemas litorais fim de tarde!
Maracangalha olha Nós
licença mundo   ê  Maduremercadão
que a vida-Mar  Carerê!!

Poema Torto

Em frente ao Santos Dumont:
Que diz beijocas adeuses presentinhos
lá dentro, embora as almas sob um sol púrpura
se entendam NÃO. Se bem que um sol
 de qualquer cor  sobrescidades   quaisquer
também  Serve, e os homens nos seus cavalos de aço
 não saberiam dizê-Lo.

                       II
Agora já no saguão, tempo
amarra a cara lá fora, primeiras gotas
percutem nos janelões,
 Zimbo Trio nos salões da Memória
chovendo pelas roseiras do Tom:

 Águas tão mar e Março
e dez metades lembrando
caramanchões  coloridos naquela chuva  pelos beirais
de outras chuvas-Manhãs, cheiro de terra e de Vida,
a  forma pássara mas Carnavália, onde amanhãs amanhãs
indo  Amanhãs
ladeira Acima e pra  Sempre.

sábado, 2 de junho de 2012

Carvoeiros, nº 2

Os menininhos  carvoeiros
ainda assombrando  a gente,
por mais que se reze.

Não andam  mais  'carvoados,
nem mais  apostam  corrida
montando  burrinhos estrompados:
Agora dividem espaço
com os urubus de Gramacho,
catando a vida  entre os detritos.

A tal penúria, anda  a mesma.
Ainda  a mesma a sujeira_______
das mãos, das  caras
do pão comido entre os lixos,
novos  "bichos  do pátio" - matéria  gasta,
que não  dá manchete.

Governo diz  que  se  Bole.
Uns  jacurangos  se  mexem.
O  resto  anda  esperando  a copa.

Cantiga Mínima

Do  enterro que passa  ao largo
importa   mesmo  o que  Fica:

Tão  Rara  a  vida, vestida  em  pássaro  e  Pressa_______
e  o  vento  leva
junto  das  folhas  da gente
prum  "longe"
sem  ponto-e-vírgula....

sábado, 28 de abril de 2012

Estudo Náuseo

E tudo  Tudo___
trança  desconchavada,
falta de Erês, Passarinhos
essa mazomba
de  encardistância
no  afôgo   à  Forca
onde  alguns  teimam  ver  Flor:

A vida_____
madrastamência
de escalavrância
assim  futunda,
Fidida.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Carnaval(Para Viviane de Sales)

Sábado  dezoito de fevereiro, 2012,
frincha aberta  na Porta:
E todo  um carnaval
pela  marina  dos  olhos
chamando  sol  sobre  as esquinas  da casa,
por  sobre  os  braços  antes  cabindas
de  ferrabrália  e tristura.

"....na  Serra  do  Rola-Moça
salvou-se  a moça  porém...."

É  o samba  chamando  a todos
pelos  seus nomes, homens  dão-se as mãos,
se esquecem  do  fim  do mundo

Nos  sovacos  da  Estátua
anjinhos  de calça  larga  e gravata
formam  orquestra de trombones
junto  das  negas  do  Chico.

Acima  dos  cubos  verdes
e das  esferas  azuis
os  homens  dançam  nos  degraus  do  espaço,
andam  no ar entre árvores  vermelhas
e foliões  já  libertos
do  cálice  da  Matéria.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Serafins(Pra minha irmã Débora Nascimento)

Serafins  plantando  nos  igarapés
seus  insolúveis  solos
de  clarineta:
Aguaçais  japurás
pelos  purús  cantando  as armas  e o varão,
o  boto  é claro _____ pai  de todo  malungo
das  mamelucas  malucas.

Cangalha  de curimango______
onde    sacis  varando  noites  sem lua,
 jongo  todo  aloprado
mangando  assim  de  Ariti:

Festança  do  Pai  do Mato
jantando  a moça
no  breu  da  treva  do  chão  da toca!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Depois  de novo  os  finfins
dos  serafins  nos  solos  de clarineta,
igarapés  japurãs
causos  de não  ter  Fim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Estudo em forma de Sono(Pra minha irmã Débora Nascimento)

....de mais  Ficência
a    janga   aberta
quando era exílio pelas esquinas
duns olhos:

Invés de cobre,
inda  Esperanto e o tempo enorme
um coração  e o rio
rio rio rio rio rio rio rio....

Um quase  sol
de praças  onde  não  me Vi______
procuram  música no  outono
das   Cores, onde espero -
me  Exista -  de  Tudo

tudo  um novo começo
e  que se diz:  Passarinho
nas  águas que chovem   Março
adormecendo o verão....

Pelas  esquinas ladeiras
onde essa gente______
que   Estrada  e trompas
de   Ventania....